SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Estudo realizado pelo Oxford Economics, sob encomenda da norte-americana Motion Picture Association, estima que o mercado de audiovisual brasileiro, em 2024, chegou a R$ 70,2 bilhões. Isso representa 0,6% do PIB (Produto Interno Bruto Nacional).

Os números foram usados nesta segunda-feira (6), no lançamento da Fica (Federação da Indústria e Comércio Audiovisual), em evento no Rio de Janeiro. Uma das reivindicações é de que o governo federal crie uma agência para exportação de produções nacionais.

Com o título de “A contribuição econômica da indústria audiovisual no Brasil em 2024” o estudo, feito pelo braço de pesquisas econômicas e modelagem financeira da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostra que o setor gerou no país mais de 608,9 mil empregos diretos, indiretos ou induzidos (vaga criadas pelo consumo de renda gerada pelos ligados à indústria).

“Os números do audiovisual no Brasil são maiores do que os da indústria automobilística e farmacêutica, por exemplo. Maior dos que da indústria têxtil. A ideia é que façamos parte de política pública”, afirma Walkíria Barbosa, produtora de cinema e televisão, sócia-diretora da Total Filmes e presidente da Fica.

Pela estimativa de valor adicionado bruto nas contas nacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geogaria e Estatística), o setor automotivo representou entre 2% e 2,5% do PIB em 2024; o têxtil, entre 0,4% e 0,7%; e a farmacêutica, entre 0,1% e 0,3%.

A pesquisa da Oxford também menciona o efeito multiplicador da indústria. Para cada R$ 10 milhões de valor criado pelo audiovisual, houve uma contribuição adicional de R$ 12 milhões ao PIB. A estimativa do instituto é que foram gerados R$ 9,9 bilhões em impostos.

A renda média de cada trabalhador do setor seria de R$ 6.800, número 84% superior à remuneração média no Brasil (R$ 3.700).

A fundadora da Federação, que nasce com a ideia de unir diferentes entidades, é que se trate de uma política de estado. O audiovisual é um dos 30 grupos de estudo na Nova Indústria Brasil, plano do governo federal para implantação de incentivo à indústria nacional.

O projeto da Fica é copiar a experiência da Coreia do Sul. Ela estima que o país tem potencial para chegar a 1,5% do PIB. Seriam cerca de R$ 175 bilhões, considerados os números de 2024.

“É uma indústria limpa, sustentável, que necessita de investimento em inovação e em que a inteligência artificial é uma ferramenta muito importante”, completa Walkiria.

Segundo números do Bank of Korea, a Coreia do Sul faturou com exportações, se considerados royalties musicais, filmes, TV, licenças de conteúdo, jogos, conteúdos digitais, entre outros bens, cerca de US$ 11 bilhões (R$ 58,5 bilhões em valores atuais).

Não há um número oficial para o mesmo dado no Brasil. O estudo da Oxford fala em crescimento anual de 19% desde 2017 e um valor de US$ 234,5 milhões em 2023 (R$ 1,24 bilhão corrigidos). Se adicionada a mesma evolução para o ano passado, a marca seria de US$ 278,9 milhões (R$ 1,5 bilhão).

Com cinema, o estilo musical K-Pop e animes, a Coreia do Sul passou a usar também seu audiovisual como ferramenta de soft power, a influência geopolítica por meios culturais, esportivos ou ideológicos.

“Eles chegaram a esse número porque há 20 anos se tornou uma política de estado. O governo sul-coreano descobriu que a remessa de dinheiro para as empresas distribuidoras de filmes norte-americanos era maior do que a venda de 1,5 milhão de carros Hyundai”, finaliza Walkiria.

Uma das medidas pedidas pelas empresas do setor é o combate à pirataria. A Federação acredita que são R$ 14 bilhões por ano em evasão de impostos no audiovisual.

Entre os benefícios indiretos, a Oxford cita também o chamado “turismo de tela”. Cita pesquisa da Expedia, uma das principais agências online de viagem no mundo, mostrando que 53% dos usuários da plataforma já reservaram uma viagem depois de terem visto um cenário em programa de TV, filme ou plataforma de streaming.

“O conteúdo brasileiro está agora mais visível do que nunca para o público global. Plataformas internacionais licenciaram ou encomendaram séries e filmes brasileiros, muitos dos quais se classificaram como títulos de melhor desempenho tanto local quanto internacionalmente”, diz o estudo, terminado no mês passado. Este cita a série Sintonia (Netflix) e Dom (Amazon Prime Vídeo) como exemplos.