BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente do Equador, Daniel Noboa, foi vítima de um ataque violento nesta terça-feira (7). Segundo afirmou a ministra de Ambiente e Energia, Ines Manzano, a caravana de carros em que estava o veículo do presidente foi cercado por centenas de pessoas que lançaram pedras na chegada dele a um evento na província de Caña.

O governo chamou o episódio de “tentativa de assassinato”. Manzano afirmou que “sinais de impacto de munição” foram encontrados no carro. A ministra disse ainda que cinco pessoas foram detidas e que Noboa não se feriu.

Um vídeo filmado de dentro de um carro e divulgado pela Presidência mostra pessoas que pareciam estar em um protesto jogando pedras à beira da estrada e marcas de rachaduras no vidro do veículo. Outra imagem publicada mostrou um carro com janelas quebradas.

O país é palco de protestos contra a eliminação de um subsídio ao diesel anunciado pelo governo. A medida afeta fortemente o custo de vida no país.

A oposição, inclusive os grupos políticos próximos do ex-presidente Rafael Correa, denunciam a medida e afirmam que a bancada governista barrou as discussões sobre o fim dos subsídios.

A maior organização indígena do país (Conaie) iniciou uma greve há 16 dias, organizando marchas e bloqueando algumas estradas em protesto contra a medida.

A entidade contesta a versão do governo sobre o ataque desta terça, e afirma que houve violência orquestrada contra as pessoas que se mobilizaram para a chegada de Noboa. “Pelo menos cinco de nós foram detidos arbitrariamente”, afirmou a organização em uma publicação no X.

No mês passado, Noboa decretou estado de exceção em 7 das 24 províncias do país por causa dos protestos. O presidente aposta na militarização desde a sua campanha, muito guiada pela grave crise de segurança pública que acomete o Equador nos últimos anos, em particular com o crescimento do narcotráfico.

O governo argumenta que os bloqueios “provocaram complicações na cadeia de abastecimento de alimentos” e afetam o “livre trânsito das pessoas, ocasionando a paralisação de vários setores que afetam a economia”.

O presidente, no entanto, tem usado o estado de exceção como ferramenta de governo em outras ocasiões. Em abril, por exemplo, às vésperas da eleição que o reconduziu ao cargo, ele também decretou a medida.

Noboa resolveu ainda suspender a liberdade de reunião nas sete províncias e autorizou as forças policiais e militares a “impedir e desarticular reuniões em espaços públicos onde se identifiquem ameaças à segurança cidadã”.

Os ex-presidentes Lenín Moreno (2017-2021) e Guillermo Lasso (2021-2023) enfrentaram violentos protestos liderados pela Conaie, após tentativas semelhantes de elevar o preço dos combustíveis.