RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O árbitro capixaba Davi Lacerda, que apitou no sábado (4) a vitória do Fluminense sobre o Atlético-MG, acorda cedo todo dia para dar expediente. A taxa que recebeu pelo jogo foi de R$ 5.250, segundo a tabela de 2025. Se entrasse na escala quarta e domingo, poderia faturar como se fosse executivo de grande empresa. Mas nada disso é garantido.
A carteira de trabalho é a fonte certa de recursos. E quem a assina é uma serralheria em Serra, no Espírito Santo, na qual o árbitro de 29 anos é gerente. Ele responde por uma das sete unidades da empresa.
Como a profissionalização da categoria ainda é um projeto para o fim de 2026, pressão e a incerteza compõem a realidade dos árbitros do futebol brasileiro.
“EU NÃO CONTO COM O DINHEIRO DA ARBITRAGEM”
Davi Lacerda ainda não chegou ao topo da pirâmide, formada pelos que têm escudo Fifa (e que ganham mais por jogo). Por isso, ainda mantém o emprego formal. O tempo necessário para se manter em forma depende de um combinado com o patrão.
“Tenho um acordo comercial com os donos da minha empresa e acaba que eu tenho uma flexibilidade um pouco maior de tempo em relação aos jogos, em relação aos treinamentos, mas não deixando minhas funções. Então, eu tenho um notebook em que eu consigo trabalhar, emitir meus relatórios e entregar resultado para o dono. Quando estou no meu estado, o expediente é como um trabalhador normal. À noite, faço os meus treinos em prol da arbitragem”, explicou Davi ao UOL.
Como melhorar? A CBF acompanha seus árbitros semanalmente, passa orientações e dá o retorno a respeito das respectivas atuações. Mas o trabalho físico e um dinheiro a mais é problema de cada um.
Davi banca o próprio time, com fisioterapeuta, nutrólogo e preparador físico. O plano de carreira é um dia viver da arbitragem. Ele tem um pé de meia para o qual manda todas as taxas que recebe. É o investimento enquanto a serralheria sustenta a casa.
“Eu não conto com o dinheiro da arbitragem”, disse ele.