SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pedro de Paula se lembra de ensinar a irmã mais velha a fazer contas de multiplicação nas lições da escola quando ele tinha apenas 12 anos e ela estava no ensino médio.

À época, o paulistano estudava no Colégio Plenitude, mantido pelo Instituto Energia do Saber, que oferece educação gratuita para crianças e jovens da comunidade da Vila Nhocuné, na zona leste da capital.

Foi lá que Pedro descobriu sua paixão pela matemática e outra, ainda maior, pelo esporte, que se tornaria sua escolha profissional. Hoje, aos 18, o jovem cursa o segundo semestre da faculdade de educação física.

“Tive conversas com um professor do colégio, que me apresentou as diversas possibilidades de atuação na área. Percebi que poderia trabalhar com aquilo.”

Pedro sente que desenvolveu uma afinidade com os estudos que não vê em parentes e amigos que não tiveram as mesmas oportunidades, como a irmã e o primo, alunos da rede pública.

“Minha experiência escolar foi totalmente diferente. Saí do instituto e comecei direto a faculdade, muito devido ao incentivo que recebi e ao preparo que tive para o Enem.”

Com mais de 250 crianças matriculadas, sendo todas bolsistas, o colégio apoiado pelo Instituto Energia do Saber oferece currículo integral e atividades no contraturno, em ações que impactam indiretamente mil pessoas. Além disso, são oferecidas 69 mil refeições ao ano, entre café da manhã, almoço e lanche para os alunos.

A iniciativa pretende ampliar seu alcance, contemplando mais duas escolas públicas da região, além de três já atendidas e o Colégio Plenitude, a fim de formar 2.000 alunos da rede pública.

“Nosso principal objetivo é transformar a vida das crianças, de suas famílias e da comunidade como um todo por meio da educação. Para isso, oferecemos ensino do primeiro ano do fundamental ao terceiro ano do ensino médio”, explica Flavia Blanco Lira, gerente executiva da ONG.

“Por ser um colégio filantrópico, as crianças não pagam nada para estudar aqui [no Plenitude]. Elas recebem a educação regular, fundamentada na Base Nacional Comum Curricular e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, além de formações complementares”, acrescenta.

Ações da entidade são financiadas majoritariamente por doações (de pessoas físicas e empresas), além de campanhas, parcerias e leis de incentivo.

A programação do contraturno inclui reforço escolar e atividades e jogos para estimular a expressão e a criatividade das crianças, bem como aulas de judô e handebol.

A ONG disponibiliza ainda um programa de continuidade educacional após o ensino médio, focado no desenvolvimento integral dos estudantes para o mercado de trabalho, incluindo competências socioemocionais.

“Vemos muitos adolescentes da periferia abandonando os estudos depois da escola, sem ter referências de familiares que prosseguiram com sua educação, então trabalhamos para encaminhá-los nesse sentido”, diz Daniela Alcaro, presidente voluntária do Instituto Energia do Saber.

Outro programa permite que pessoas físicas apadrinhem crianças, contribuindo com R$ 800 por mês para garantir a manutenção de um aluno na escola. Atualmente, 141 contam com padrinhos.

Para quem deseja contribuir de outras formas, é possível fazer doações mensais de qualquer valor. “A pessoa não precisa arcar com todos os gastos mensais de uma criança. Ela pode doar R$ 50, R$ 100, ou o que desejar. Contribuições pontuais também são muito importantes para nosso trabalho”, ressalta Alcaro.