SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito Ricardo Nunes (MDB) vetou emendas parlamentares que incluíam ruas próximas a uma igreja e a uma empresa farmacêutica em projeto de lei que permite conceder seis vias à iniciativa privada. O texto foi aprovado pelos vereadores há cerca de um mês e sancionado nesta segunda-feira (6).

Com a publicação do texto no Diário Oficial desta terça-feira (7), foram autorizados para leilão a travessa Engenheiro Antônio de Souza Barros Júnior, no Jardins, onde deve ser erguido um empreendimento de alto padrão; um terreno de 140 metros quadrados entre a avenida Presidente Juscelino Kubitschek e a rua Leopoldo Couto Magalhães Júnior, em frente ao icônico “prédio da baleia”; além de outros quatro endereços.

Dois deles, nos bairros Anhanguera e Pirituba, devem ser concedidos para entidades que atuam nos locais. Um terreno em Cidade Tiradentes deve ser usado para erguer um projeto de habitação.

De autoria do Executivo, o projeto de lei recebeu emendas parlamentares momentos antes de ser apreciado em segunda e definitiva votação na Câmara Municipal.

Entre os pedidos vetados pelo prefeito, estava a desapropriação da rua Canoal, na Vila Andrade. Com 110 metros de extensão, a via divide muro com a Igreja Batista do Morumbi, onde o vereador Isac Félix (PL), autor da emenda, é líder religioso.

A via é usada pelos frequentadores da igreja como estacionamento. O vereador foi procurado para comentar a emenda, mas não respondeu.

Outro veto foi em relação ao artigo que previa permitir a concessão da rua América Central, no trecho entre as ruas La Paz e Ada Negri, em Santo Amaro, na zona sul.

A farmacêutica Apsen ocupa quase a totalidade dos 210 metros da via, em ambos os lados. O restante é tomado por endereços residenciais, cujos moradores reagiram à decisão.

Ali há uma pequena travessa que dá acesso a sete casas. Duas delas já foram adquiridas pela farmacêutica. A inclusão da rua no projeto de lei mobilizou moradores que afirmam serem sondados para vender os imóveis há, pelo menos, um ano.

Após a repercussão, Nunes afirmou que iria vetar a concessão de ruas usadas como acesso a residências e sem a concordância dos moradores.

Na ocasião, a farmacêutica foi procurada pela reportagem e afirmou que iria aguardar a decisão do prefeito em relação às emendas para se posicionar.

Outras quatro ruas que poderiam ser concedidas gratuitamente a entidades pelo prazo de até 20 anos foram vetadas da lei por não terem sido identificadas corretamente pelos vereadores nas emendas, segundo justificativa do veto anexada à publicação da lei.

Desde o último dia 9, o Ministério Público abriu investigação para apurar a proposta de concessão de ruas ocupadas por residências.