(UOL/FOLHAPRESS) – O São Paulo não deu atenção às provocações e à nota oficial do Palmeiras divulgada nesta segunda-feira. A diretoria do clube se reuniu com representantes da CBF e foca nos erros da arbitragem no Choque-Rei.

OS BASTIDORES

A reportagem apurou que o clube não cogita pedir a anulação da partida, mas reforça críticas à arbitragem brasileira e defende mudanças estruturais no sistema. Pessoas próximas à alta cúpula revelaram ainda uma articulação para que a CBF divulgue os áudios do VAR do clássico.

A guinada nos bastidores ocorreu em uma tarde em que o Alviverde também se movimentou. O Palmeiras publicou provocações e uma nota oficial criticando a postura do rival.

“CHEGAMOS NO LIMITE”

Esse foi o cerne do pronunciamento do presidente Julio Casares durante a manhã. No vídeo enviado à imprensa, o mandatário defendeu a divulgação dos áudios do VAR da derrota por 3 a 2 e até mesmo a implantação do sistema de desafios.

“Lamentamos demais, mas estamos aqui acreditando que, a partir não só da suspensão, mas do fornecimento dos áudios e da inclusão na súmula, haja um princípio de mudança na arbitragem. Chegamos no limite”, diz Julio Casares, em pronunciamento.

O diretor executivo do São Paulo, Rui Costa, participou de uma reunião online com a CBF durante a tarde desta segunda-feira (06). Na conversa, o executivo ouviu os áudios do VAR.

A arbitragem, comandada no campo por Ramon Abatti Abel e no VAR por Ilbert Estevam da Silva, entendeu que Allan, do Palmeiras, escorregou antes de derrubar Tapia dentro da área. Este é o principal lance de reclamação dos são-paulinos, quando a partida ainda estava 2 a 0.

PALMEIRAS PROVOCA E CRITICA

O Palmeiras provocou o rival com nuvens de choro em post nas redes sociais e se manifestou por meio de uma nota (leia abaixo). Nela, o Alviverde também reclamou de supostos erros de arbitragem no clássico e condenou as ações do São Paulo de “creditar a uma decisão do árbitro — e somente a ela — uma virada épica”:

“É demasiado cômodo creditar a uma decisão do árbitro – e somente a ela – uma virada épica, conquistada com o gosto do suor e três gols anotados em um intervalo de 19 minutos. Até porque também houve marcações da arbitragem desfavoráveis ao Palmeiras, como as não expulsões do meio-campista Bobadilla e do zagueiro Alan Franco, que desferiu uma cotovelada no rosto do atacante Ramón Sosa em um lance sonegado pelo VAR – e ignorado pelos hipócritas da ocasião”, afirma o Palmeiras, em nota.

Logo depois do jogo, Casares ligou para o presidente da CBF, Samir Xaud, e para Rodrigo Cintra, coordenador-geral da Comissão de Arbitragem. O mandatário são-paulino ouviu uma admissão pelos erros no Choque-Rei, que embasaram o tom do discurso crítico desta segunda-feira. As reclamações são por seis lances capitais.

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VEJA A NOTA OFICIAL PUBLICADA PELO PALMEIRAS:

A Sociedade Esportiva Palmeiras vê com preocupação a pressão descomunal que alguns clubes têm exercido publicamente, e também nos bastidores do futebol brasileiro, com o intuito de instaurar o caos, beneficiando-se dele para coagir entidades e indivíduos em busca de vantagens futuras e criando narrativas que tentam macular o competente trabalho realizado pela nossa instituição.

É demasiado cômodo creditar a uma decisão do árbitro – e somente a ela – uma virada épica, conquistada com o gosto do suor e três gols anotados em um intervalo de 19 minutos. Até porque também houve marcações da arbitragem desfavoráveis ao Palmeiras, como as não expulsões do meio-campista Bobadilla e do zagueiro Alan Franco, que desferiu uma cotovelada no rosto do atacante Ramón Sosa em um lance sonegado pelo VAR – e ignorado pelos hipócritas da ocasião.

Cabe salientar que, mesmo quando se sente prejudicada, a diretoria do Palmeiras raramente se manifesta em público sobre o tema arbitragem, pois respeita os fóruns de discussão adequados e, acima de tudo, não terceiriza sua responsabilidade nos momentos adversos. Essa postura, por sinal, ajuda a explicar o sucesso que temos obtido ao longo dos últimos anos: olhamos sempre para nós mesmos e trabalhamos sem buscar subterfúgios nem construir desculpas para as nossas derrotas.

O Palmeiras, como se sabe, é amplamente favorável à profissionalização dos árbitros e defende mais investimentos em tecnologia e na formação da categoria, entre outras melhorias. O nosso compromisso com o desenvolvimento do futebol brasileiro está acima de qualquer interesse individual. Por essa razão, aliás, o Palmeiras, entre os candidatos ao título da Série A, será o único clube a atuar durante a atual Data Fifa, mesmo com a equipe extremamente desfalcada em razão de atletas convocados para suas seleções.

Compreendemos que o crescimento coletivo da nossa indústria exige renúncias, espírito de colaboração e o fim do egoísmo que, lamentavelmente, ainda norteia a conduta de dirigentes que ora apelam à gritaria, ora recorrem a acusações sem provas para justificar resultados negativos. Neste sentido, esperamos que o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) seja enérgico com aqueles que, de forma irresponsável, lançam suspeitas indevidas sobre pessoas e instituições.