SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os 13 brasileiros que participaram da flotilha Global Sumud e que estavam presos em Israel desde a semana passada foram deportados nesta terça-feira (7) para a Jordânia. Segundo o grupo, eles foram transferidos por via terrestre da prisão de Ktzi’ot até a fronteira com o país vizinho, onde recebem assistência de autoridades consulares brasileiras.
O grupo foi capturado em águas internacionais, segundo comunicado divulgado pelos organizadores, durante uma missão que tentava furar o bloqueio imposto por Tel Aviv e entregar ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza.
Segundo comunicado divulgado pela Global Sumud antes da deportação, os ativistas seriam recebidos por diplomatas da embaixada brasileira em Amã, a capital da Jordânia, e passariam por avaliação médica. Ainda não há detalhes sobre o retorno deles ao Brasil.
Entre os integrantes do grupo estão o ativista Thiago Ávila, detido por Israel na empreitada anterior da organização, a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), a vereadora Mariana Conti (PSOL), de Campinas, e a presidente do partido no Rio Grande do Sul, Gabrielle Tolotti. Também há outros militantes pró-Palestina e sindicalistas, incluindo Magno de Carvalho Costa, histórico dirigente do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP).
Antes da deportação desta terça, o único integrante do grupo brasileiro que já havia deixado Israel era Nicolás Calabrese. Apesar de viver no Brasil há mais de dez anos, ele nasceu na Argentina e tem cidadania italiana. Ao desembarcar na noite desta segunda no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, ele reclamou de maus-tratos e disse que as forças israelenses agiram como terroristas.
Os cerca de 45 barcos da flotilha partiram de Barcelona, na Espanha, no dia 31 de agosto, levando aproximadamente 400 ativistas de mais de 45 países, e começaram a ser interceptados na quarta-feira (1º). Ativistas de outras nacionalidades que já saíram de Israel e tiveram seus processos de deportação concluídos também afirmaram terem sofrido maus-tratos dentro da prisão, o que Tel Aviv nega.
Segundo nota divulgada pela Global Sumud na noite de segunda, a decisão sobre a deportação foi comunicada após representantes da embaixada do Brasil em Tel Aviv visitarem os detidos na prisão de Ktziot, no deserto do Neguev, onde o grupo estava.
Além dos brasileiros, ativistas de outros países, como Argentina, Colômbia, África do Sul e Nova Zelândia, também deveriam ser libertados nesta terça.
A libertação ocorreu no mesmo dia em que a guerra em Gaza completa dois anos. O conflito já deixou dezenas de milhares de mortos e gerou uma crise humanitária sem precedentes. Em nota, os organizadores da missão afirmaram que a ação marítima tinha como objetivo denunciar o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza desde 2007 e que, segundo eles, transformou-se desde março deste ano em um cerco total, impedindo a entrada de alimentos e medicamentos.
Para o grupo, a libertação dos brasileiros tem valor simbólico. “A liberdade dos nossos integrantes no dia 7 de outubro carrega um símbolo de resistência, mas também nos lembra que não há liberdade verdadeira enquanto o cerco persistir”, diz a nota. “É urgente que a comunidade internacional atue de forma concreta para pôr fim à ocupação e garantir a liberdade do povo palestino.”