SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O que você precisa saber sobre a conversa de Lula e Donald Trump, Galípolo contraria as expectativas e outros destaques do mercado nesta terça-feira (7).
**ALÔ, COMPANHEIRO TRUMP**
Você certamente deve ter visto que Lula e Donald Trump conversaram nesta segunda-feira (6) após meses de rusgas e um único afago. Vamos entender por que essa conversa importa tanto.
DETALHES
O diálogo por videoconferência durou cerca de 30 minutos e começou às 10h da manhã, segundo o Planalto. O líder brasileiro chamou três de seus principais ministros para acompanhá-lo na missão: Geraldo Alckmin (Desenvolvimento Industrial), Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).
O tom, segundo os participantes, foi amistoso.
PAUSA
Primeiro, vamos entender onde estamos e o que aconteceu antes da conversa desta segunda-feira.
Desde agosto, a maioria das exportações brasileiras com exceção de quase 700 itens em uma lista de isenções para os EUA está sujeita a uma tarifa de 50%, o que complicou a vida de vários setores da economia.
Fruticultura, pesca, madeira e móveis, café, carne bovina e produtos manufaturados de ferro e aço estão entre as áreas mais atingidas.
O clima entre os dois países estava pesado não só no âmbito comercial, mas também no político. Trump saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais.
Ele atrelou as sanções econômicas a uma caça às bruxas contra o aliado, em referência ao processo que levou à condenação de Bolsonaro por envolvimento na trama golpista.
A Casa Branca retaliou o relator do processo no STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Alexandre de Moraes, e a esposa do magistrado com a Lei Magnitsky, que visa sufocar financeiramente os atingidos.
Ainda, foram cancelados os vistos americanos de outros ministros do tribunal e de membros do governo Lula.
A relação começou a melhorar com a atuação de autoridades e empresários brasileiros para amansar a fera (Trump) e convencê-lo de que faria bem ao negociar com o Brasil. Na ONU, o chefe da Casa Branca acenou para o chefe da Alvorada e cá estamos.
CONTINUANDO
O tarifaço foi o principal assunto do papo entre Trump e Lula, com o brasileiro pedindo que a sobretaxa de 50% seja derrubada.
Ele argumentou que o Brasil é um dos três integrantes do G20 que mantém um déficit com os EUA na balança de bens e serviços isto é, que mais compram dos EUA do que vendem para eles.
O presidente brasileiro ainda pediu que o par americano suspenda as medidas restritivas contra autoridades.
E AGORA?
Trump escalou Marco Rubio, seu secretário de Estado, para dar sequência às negociações com Alckmin, Haddad e Vieira. Os dois chefes ainda trocaram contatos pessoais e ficaram de se encontrar pessoalmente.
Lula sugeriu que o encontro aconteça na Cúpula da Asean, na Malásia, reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA), e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos.
BFFs (BEST FRIENDS FOREVER)
Surpreendendo todos que viram a troca de farpas entre os presidentes nos últimos meses, Trump e Lula parecem estar fortalecendo a excelente química que começou na Assembleia-Geral da ONU.
O americano disse que o encontro dos dois foi uma das poucas coisas boas do evento das Nações Unidas.
Tive uma ligação telefônica muito boa com o presidente Lula, do Brasil”, afirmou o americano. “O foco principal foi a economia e o comércio entre nossos dois países.
E BOLSONARO?
Foi esquecido no churrasco. Ministros e aliados do governo comemoraram o fato de o ex-presidente não ter sido mencionado no papo, sinal de que o tema perdeu força na agenda americana.
Bolsonaristas apostam no perfil ideológico de Rubio, negociador escolhido por Trump, para que haja alguma decisão que reduza ou reverta a condenação do ex-presidente.
Ou seja, caro leitor, ainda há muita água para rolar embaixo dessa ponte. Os desdobramentos, você confere nesta newsletter, como sempre.
**FALEM MAL, MAS FALEM DELE**
Nada que o presidente do Banco Central diz passa batido. No caso de Gabriel Galípolo, não seria diferente. Sob pressão do mercado e do Planalto, suas opiniões agradam uns e desagradam outros.
SÓ PARA CONTRARIAR
Quando Galípolo assumiu a presidência do BC, a expectativa de uma fatia do mercado e de Brasília era de que o economista trabalhasse com uma agenda semelhante à do governo Lula, contrária a taxas de juros muito restritivas.
As projeções, no entanto, foram frustradas. O líder da autarquia comandou um choque de juros, que levou a taxa Selic a 15% ao ano patamar que não era visto há 19 anos.
Em debate que aconteceu nesta segunda-feira, Galípolo afirmou que tão melhor será para o país quanto mais as decisões do Banco Central dependerem menos de quem é que está sentado lá leia-se, quanto mais o órgão for independente do governo federal, responsável por indicar os membros da diretoria, melhor.
Câmbio, desligo… foi a resposta do Planalto ao ouvir o recado do presidente do BC. Frustrado com a atuação do economista, Lula deve liberar auxiliares diretos a aumentarem o tom das críticas à alta taxa de juros.
O petista não pretende atacar diretamente Galípolo, indicado por ele, como fazia com seu antecessor no cargo, Roberto Campos Neto, nomeado por Jair Bolsonaro. Mas, segundo um aliado, ele se sente surpreendido negativamente com a defesa enfática do atual BC da Selic a 15%.
Uma taxa de juros alta, em geral, contribui para uma desaceleração da atividade econômica e do mercado de trabalho, o que não é o melhor dos cenários na visão do Executivo.
SUFOCO
Ainda nas falas desta segunda-feira, o chefe da política monetária reforçou que a taxa de juros não deve cair tão cedo. Isso para perseguir a meta inflacionária de 3%.
Eu tenho uma meta muito clara, determinada por um comando legal. Não foi uma sugestão que me deram, afirmou.
EFEITO BORBOLETA
Mesmo que o assunto mais importante da segunda-feira tenha sido a ligação Lula-Trump, as falas de Galípolo movimentaram o mercado. Como já falamos, houve contração da bolsa, olhando para os juros altos por mais tempo.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Ninguém segura? O Brasil registrou em setembro um superávit comercial ou seja, o país mais exportou produtos do que importou de US$ 2,99 bilhões, quantia acima do esperado.
Cartas na mesa. O Ministério da Justiça chamou a indústria de bebidas para discutir crise do metanol.
Tá voando. A Embraer anunciou a venda de quatro aviões do modelo C-390 para a Suécia.
¿Cafecito? As exportações brasileiras de café para a Colômbia aumentaram 461% na comparação anual.
Tá chegando. O Dia das Crianças é neste domingo. Aí vai um manual de como escolher o melhor brinquedo para presentear os baixinhos.