SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Bolsonaristas fazem uma caminhada em Brasília nesta terça-feira (7) para defender a anistia e se contrapor aos protestos de esquerda contra a pauta que ocorreram por todo o país no último dia 21.

O ato foi convocado pelo pastor Silas Malafaia e contará com a presença de parlamentares e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

As manifestações de esquerda contaram com shows de artistas, como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, no Rio de Janeiro, e ajudaram a enterrar a PEC da Blindagem e a esfriar as movimentações pela anistia.

Elas foram convocadas, com poucos dias de antecedência, em ao menos 33 cidades pelo país, incluindo 22 capitais, pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligadas ao PSOL e ao PT e que reúnem movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).

“Nós não podemos deixar a esquerda com a última palavra naquela palhaçada de artista de misturar temas, certo? Para enganar o povo. Então, no mínimo, vamos fazer uma caminhada”, disse Malafaia, que afirmou esperar ao menos 5.000 pessoas na Esplanada.

“Manifestação você tem que ter 50, 70, 80, 100 mil pessoas. Já uma caminhada, se tiver 10 mil pessoas, a esquerda não bota 2.000 pessoas em caminhada em Brasília há muito tempo”, completou.

A opção foi pelo formato de uma caminhada num dia de semana, não uma manifestação no domingo, porque havia pouco tempo para articular um novo protesto de grande porte. Segundo Malafaia, a expectativa é que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), paute a proposta nesta semana.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos que participará da caminhada, publicou uma foto de Lula de 1979 com uma camiseta escrito “anistia”.

“Que camisa maneira desse cara!! Me fez lembrar que dia 7/10 às 16h tem caminhada pela anistia em Brasília”, escreveu o parlamentar.

A imagem tem sido replicada por bolsonaristas para buscar um paralelo entre a anistia após a ditadura militar e a de agora aos que participaram da tentativa de golpe e dos ataques golpistas às sedes dos três Poderes em Brasília.

Mas o projeto de lei relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e que conta com o apoio de Motta trata da redução de penas, não do perdão.

O eixo central do texto deve ser a fusão dos crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado democrático de Direito em um único tipo penal, uma tese que tem respaldo de diversos ministros do STF. Paulinho e Motta se encontram nesta segunda para fechar um texto enxuto a ser votado ainda nesta semana, segundo o Painel.

CAMINHADA EM MAIO

Os bolsonaristas já tinham promovido uma caminhada pela anistia em Brasília, em maio. Na ocasião, Bolsonaro participou do ato, que ocorreu três dias após alta hospitalar, apesar de contraindicação da sua equipe médica.

Em breve discurso, ele disse que não vão “abaixar a cabeça” e que a anistia é prerrogativa do Parlamento, sem mencionar o STF.

“O Brasil nasceu com vocação da liberdade. O que estamos vivendo no momento é muito triste e doloroso, mas não vamos perder esperança”, disse emocionado.

O Monitor do Debate Político do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e a ONG More in Common fez uma estimativa com base em imagens aéreas e afirmou que havia cerca de 4.000 pessoas na manifestação no horário de pico.