SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A assembleia de acionistas do GPA (Grupo Pão de Açúcar), realizada online nesta segunda-feira (6), elegeu uma nova composição do conselho de administração, a pedido da família mineira Coelho Diniz, a principal acionista do grupo de varejo alimentar, o quinto maior do país em faturamento.
A nomeação do presidente (chairman) e do vice deve sair nos próximos dias, a partir de eleição feita entre os próprios conselheiros. Dos nove membros no colegiado, os Coelho Diniz tiveram influência sobre cinco. Com isso, André Luiz Coelho Diniz deve ser eleito o novo chairman.
Ele representa a família que se tornou acionista de referência do grupo, os cinco irmãos que somam 24,6% do GPA: Alex Sandro, Fábio, Helton, Henrique, além do próprio André Luiz, cada um dono de 4,92%.
Além de garantir a própria vaga no colegiado, André Luiz emplacou três novos membros no conselho: Gustavo Jerônimo Viana Lobato Gonçalves (presidente da Parcelar Urbanismo, especializada em loteamentos), Leandro Assis Campos (empresário do setor imobiliário) e Luiz Henrique Cunha Costa Alves (especialista em direito tributário). Todos são de Minas Gerais.
BOARD TEM MEMBROS PECUARISTA E DIRETOR DO MINERVA
Os três entraram no lugar dos conselheiros Líbano Miranda Barroso (ex-CEO de Latam e Rodobens), Sebastián Dario Los (ex-CEO da Cencosud) e Rafael Ferri, investidor e empresário que, a princípio, estava na chapa proposta pelos Coelho Diniz. Um dos fundadores da TC Investimentos, Ferri se mostrava crítico ao antigo controlador do GPA, o grupo Casino, e estava se alinhando aos novos sócios mineiros do grupo.
Mas perdeu a vaga para Rodolfo Costa Neves Francisco, que obteve mais votos. Neves Francisco se apresenta no LinkedIn como “produtor rural paulista, com atuação em recria e engorda de bovinos de corte, cultivo de cereais e exploração de seringueira”. Desde março, é sócio e diretor de gestão da CNF Capital, gestora de recursos independente. Ele foi indicado por Ronaldo Iabrudi, minoritário no GPA e até então presidente do board da companhia.
Eleito em maio deste ano, o executivo iria continuar à frente do conselho até agosto de 2027, mas os Coelho Diniz queriam compor um novo board, aproveitando que o antigo controlador, o francês Casino, está se retirando do negócio. Iabrudi tem passagens pelo conselho da Cdiscount (que pertence ao Casino), pela presidência da antiga Via Varejo (união do GPA e da Casas Bahia) e do próprio Pão de Açúcar.
Quem também tentou entrar no board, mas não obteve votos suficientes, foi Ricardo Maciel de Gouveia Roldão, presidente da rede atacadista Roldão, que é minoritário no GPA.
Edison Ticle de Andrade de Melo e Souza Filho, que já era membro independente, continua no colegiado, alinhado aos Coelho Diniz. O executivo é diretor de relações com investidores do frigorífico Minerva.
A chapa proposta pelos irmãos mineiros também contemplava o atual CEO do GPA, Marcelo Pimentel, e os representantes do Casino Helene Esther Bitton e Cristophe José Hidalgo. Todos foram reeleitos.
Acionistas que representavam 79% do capital votante da empresa participaram da assembleia, que escolheu também um membro efetivo e um suplente para o conselho fiscal. Indicados por André Luiz, foram eleitos Rômulo Santos Siqueira (efetivo) e Décio Chaves Rodrigues (suplente). Os dois são de Governador Valadares (MG), cidade dos Coelho Diniz.
Apesar do mesmo sobrenome, os mineiros não estão ligados à família do empresário Abilio Diniz (1936-2024), que herdou o Pão de Açúcar do pai. Varejistas do interior de Minas Gerais, na região conhecida como Vale do Aço, no leste do estado, os Coelho Diniz são extremamente discretos e avessos a entrevistas. Eles também atuam no varejo, mas com uma rede bem menor que a do GPA, dono de mais de 730 lojas no país.
A rede Coelho Diniz tem 22 supermercados e é o principal negócio dos irmãos, que também se dedicam a agropecuária, logística, locação de veículos, imóveis, e um negócio de importação e distribuição de marcas licenciadas (Haf Distribuidor). Com sede em Governador Valadares, o grupo emprega 6.000 pessoas. Não divulga faturamento, mas estima-se que seja de R$ 2,3 bilhões.
Os Coelho Diniz têm uma inclinação política à direita. São apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do atual governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Alex Sandro Coelho Diniz é suplente do senador Cleitinho (Republicanos-MG) e está cotado para ser vice de Nikolas Ferreira (PL-MG), caso o deputado federal se candidate ao governo de Minas em 2026.
Alex Sandro, aliás, já teria sido sondado para vice na chapa de todos os possíveis candidatos de direita ao governo mineiro, o que inclui o atual vice-governador, Mateus Simões (Novo-MG), e o próprio Cleitinho, segundo parlamentares do estado.