BRASÍLIA, DF, E CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Bolsonaristas reagiram de formas distintas sobre o telefonema entre os presidentes Lula (PT) e Donald Trump na manhã desta segunda-feira (6), e parte do grupo preferiu ignorar a conversa entre os mandatários.
O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) citaram o “fator Rubio” ao insistirem que Trump age estrategicamente para ao final das negociações fazer um cerco a Lula.
Na conversa, Trump designou seu secretário de Estado, Marco Rubio, para negociar com as autoridades brasileiras, de acordo com o Planalto.
“Trump deixou Marco Rubio, o secretário mais ideológico, para seguir as negociações das tarifas, um recado direto ao Planalto”, publicou Sóstenes.
Eduardo seguiu linha semelhante. “O Secretário Rubio conhece bem a América Latina. Sabe muito bem como funciona [sic] os regimes totalitários de esquerda na região. Ele não cairá nesse papo furado do regime, de independência de um judiciário aparelhado. A escolha do Presidente [Trump] só complica o regime de exceção. Golaço!”, escreveu Eduardo Bolsonaro em uma rede social no final desta tarde.
“A esquerda sabe que não foi uma vitória. Mas para seu público de fanáticos eles tentarão emplacar as suas narrativas fantasiosas”, continuou o deputado.
Já o presidente da Comissão de Relações Exteriores na Câmara, o bolsonarista Filipe Barros (PL-PR), afirmou ter outra visão. Segundo ele, a escolha por Rubio é natural e “não surpreende ninguém”.
“É o papel natural do secretário de Estado norte-americano -quem entende minimamente de diplomacia sabe disso”, disse Barros.
Em seguida, Barros voltou a atacar o governo Lula. “O que surpreende, na verdade, é a total incompetência do governo Lula e do chanceler Mauro Vieira. Desde a vitória de Trump, o máximo que o Itamaraty fez foi mandar uma cartinha de parabéns”, afirmou ele.
Outros bolsonaristas, como Fabio Wajngarten, minimizaram o telefonema. “A mera ligação entre chefes de estado que pensam e atuam de maneira absolutamente contrastantes não quer dizer absolutamente nada”, afirmou ele, que foi secretário de Comunicação da Presidência no governo Bolsonaro.
“Passados 10 meses para esse contato de hoje, somente evidencia o quanto a política externa atual é retrógrada, lenta e sem nenhuma tecnicidade”, continua ele.
Outros aliados de Bolsonaro ainda não fizeram manifestações públicas sobre o episódio e preferiram gravar vídeos de apoio ao ato “caminhada pela anistia”, previsto para as 16h desta terça-feira (7), em Brasília, entre a Catedral e o Congresso Nacional.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que a anistia é a pauta prioritária e que “a gente precisa colocar pressão” na Câmara e, depois, no Senado. “A gente está na reta final”, convocou o bolsonarista.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também fez um vídeo em frente à casa de Jair Bolsonaro em Brasília, onde o ex-mandatário cumpre prisão domiciliar, na tarde desta segunda. “A gente está na iminência de conseguir pautar o projeto da anistia na Câmara. Precisamos da força de vocês mais do que nunca”, disse ele, ao convocar para o ato.
Sobre o telefonema, Lula disse ter pedido que Trump retire o tarifaço imposto pelo republicano ao Brasil. Trump classificou como ótima a conversa e disse que pode ir ao Brasil em algum momento.
O nome do ex-presidente Jair Bolsonaro não foi mencionado no diálogo, de cerca de 30 minutos.
“Nós tivemos uma ótima conversa e vamos começar a fazer negócios”, disse Trump na tarde desta segunda. “Em algum momento, eu iria ao Brasil. E ele virá aqui. Estamos conversando sobre isso”, afirmou, ao conversar com jornalistas no Salão Oval da Casa Branca.