BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – As exportações brasileiras para os Estados Unidos somaram US$ 2,58 bilhões em setembro o segundo mês desde que a sobretaxa de 50% entrou em vigor. O montante representa uma queda de 20,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No mês passado, o Brasil registrou um déficit comercial de US$ 1,77 bilhão com os EUA. Isso significa que o país importou mais produtos americanos do que exportou a esse parceiro. As importações somaram US$ 4,35 bilhões em setembro um aumento de 14,3%.
Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) nesta segunda-feira (6). Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) solicitou em conversa telefônica com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a retirada do tarifaço aplicado a produtos brasileiros.
Em agosto, primeiro mês de vigor do tarifaço, as exportações aos Estados Unidos haviam caído 18,5%.
A queda das exportações em setembro foi observada tanto em produtos afetados pela sobretaxa de 50% quanto em itens que acabaram poupados por Trump. Na lista daqueles que foram sobretaxados e tiveram redução nas vendas, constam carne bovina (-58%), açúcar e melaço (-77%), armas e munições (-92%), tabaco (-95,7%) e café torrado (-29%).
Já ferro-gusa (-41%), celulose (-27,3%) e minério de ferro (100%, não houve nenhum embarque) estão entre os produtos que entraram na lista de exceção e registraram queda.
Para o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, Herlon Brandão, a tendência é que as exportações do Brasil aos EUA continuem caindo nos próximos meses.
“É uma barreira tarifária muito grande, não só para o Brasil. A própria seção 232, em que são colocadas tarifas para grande parte das importações dos Estados Unidos, do mundo, todos os produtos de aço, autopeças”, afirmou. “Tem alguns produtos que, mesmo não tarifados, estão caindo. Isso muito provavelmente está relacionado à atividade econômica.”
“Mantendo esse cenário, é esperado que continue a queda de exportação para esse destino, até porque a gente vinha em um nível bastante alto. Era recorde no ano passado. Agora observamos dois meses seguidos com essa redução”, acrescentou.
No acumulado do ano, em relação ao intervalo de janeiro a setembro de 2024, as exportações para os Estados Unidos caíram 0,6%, somando US$ 29,21 bilhões. As importações, por sua vez, totalizaram US$ 34,32 bilhões, um crescimento de 11,8%. No período, o saldo para os EUA foi um déficit de US$ 5,1 bilhões.
Apesar da queda das vendas para os EUA, as exportações brasileiras somaram US$ 30,531 bilhões em setembro, uma alta de 7,2% em relação ao mesmo mês de 2024. O valor foi recorde para setembro.
As importações, por outro lado, cresceram 17,7% no mesmo período, totalizando US$ 27,541 bilhões, maior valor para todos os meses da série histórica da pasta. Com isso, a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 2,99 bilhões em setembro. A cifra, contudo, representa uma queda de 41,1% sobre o saldo apurado no mesmo mês do ano passado.
A Secretaria de Comércio Exterior do Mdic também revisou suas projeções para a balança comercial do ano, aumentando a previsão de saldo para um superávit de US$ 60,9 bilhões em 2025. Em julho, a previsão para este ano era de superávit de US$ 50,4 bilhões.
Se a nova estimativa se confirmar, haverá uma queda de 17,9% em relação ao superávit de US$ 74,2 bilhões de 2024. A projeção para exportações do ano subiu para US$ 344,9 bilhões (contra US$ 341,9 bilhões em julho) e a estimativa para importações caiu para US$ 284 bilhões (ante US$ 291,5 bilhões).