SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O governador de Illinois, JB Pritzker, criticou a atuação de agentes federais de imigração em Chicago. Segundo ele, o governo Trump quer criar uma “zona de guerra” que justifique o envio da guarda nacional à cidade.

O QUE ACONTECEU

Segundo Pritzker, a presença dos agentes de imigração está aumentando a tensão na cidade. As declarações foram dadas no “State of the Union”, da CNN. Ele citou uma operação feita na semana passada em um prédio residencial. Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra moradores sendo presos.

Agentes federais selecionaram “apenas pessoas negras e pardas e verificaram suas credenciais”, disse Pritzker. “São eles [os agentes federais] que estão transformando a cidade em uma zona de guerra”, completou o governador, afirmando que o presidente dos EUA, Donald Trump, quer “criar uma zona de guerra para poder enviar ainda mais tropas” à cidade.

Governador ainda acusou tropas federais de cometerem abusos e esconderem os fatos. “É muito difícil saber exatamente quais são os fatos, e eles não nos deixam acessá-los. Eles estão apenas divulgando sua propaganda. Teremos que determinar o que realmente aconteceu”, disse ao comentar um incidente de sábado, em que um agente federal atirou em um motorista que, segundo o agente, havia batido num carro de polícia.

ENVIO DA GUARDA NACIONAL PARA CHICAGO

Trump anunciou neste domingo (5) o envio da guarda nacional a Chicago. De acordo com o presidente, a cidade enfrenta as consequências da “falta de leis”.

Ao todo, 300 militares seguirão para Chicago, informou a Casa Branca. O envio acontece após uma mulher ser baleada em um protesto anti-imigração na cidade.

Trump alega que Chicago é “a cidade mais perigosa do mundo”, o que é mentira. A principal cidade de Illinois registrou 573 homicídios em 2024, segundo a polícia local, 8% a menos que no ano anterior. Em 2022, Colima, no México, era considerada a cidade mais violenta do mundo, com taxa de 189,41 homicídios por 100 mil habitantes, informou o Conselho Cidadão para Segurança Pública.

Ameaça contra Chicago não é recente e prefeito da cidade assinou, há mais de um mês, ordem executiva proibindo ajuda à intervenção federal. Brandon Johnson decretou, no fim de agosto, a proibição de agentes municipais colaborarem com a fiscalização civil da imigração, paradas de trânsito, postos de controle e qualquer patrulha relacionada.

QUAIS CIDADES ADMINISTRADAS POR DEMOCRATAS JÁ FORAM ALVO?

Los Angeles foi a primeira das cidades a receber intervenção da guarda nacional, mobilizadas em junho após protestos contra leis anti imigratórias do governo. A mobilização foi feita sem autorização do estado, que, posteriormente, processou o presidente, alegando que ele criou “medo e terror” e escalou a situação da violência na região.

No mês seguinte, presidente ordenou o envio de tropas a Washington D.C. e o controle da polícia na capital. Ele ordenou a “limpeza” da cidade e afirmou que os “sem-teto têm de sair imediatamente” da região. A intervenção na polícia, feita por 30 dias, acabou em setembro, mas os militares continuam mobilizados na região.

Em setembro, Trump anunciou que enviaria as tropas a Memphis, no Tennessee. Segundo o balanço do próprio governo, 219 militares seguiriam para a região para “acabar com os elementos criminosos da cidade”. A força-tarefa na cidade, segundo a procuradora-geral Pam Bondi, fez 93 prisões até o começo de outubro, mas, segundo o chefe da polícia local, C.J. Davis, a presença oficial da guarda na região ainda não começou e deve “levar semanas”.

No fim de setembro, Trump anunciou o enviou da guarda nacional à cidade de Portland, em Oregon, mas uma juíza federal anulou a medida no último fim de semana. Karin Immergut afirmou que os protestos que acontecem no local não têm dimensão suficiente para justificar o uso das forças federais.