Da Redação
O peso dos juros altos e dos custos operacionais tem colocado muitos empreendedores goianos — e brasileiros — em uma verdadeira corrida pela sobrevivência. Com lucros comprimidos e crédito cada vez mais caro, cresce o número de empresas que recorrem a renegociações de dívidas para evitar a falência.
De acordo com levantamento da Serasa Experian, o Brasil ultrapassou a marca de 8 milhões de CNPJs inadimplentes, um aumento expressivo de 1,1 milhão de empresas em um ano. Em Goiás, a situação também é preocupante: mais de 31 mil renegociações foram firmadas entre janeiro e agosto de 2025, um salto de quase 32% em relação ao mesmo período do ano passado.
O economista Luiz Carlos Ongaratto explica que o atual cenário de juros elevados impacta diretamente a saúde financeira das empresas.
“As margens de lucro diminuíram, e a inadimplência virou uma consequência esperada. A renegociação, nesse caso, é o caminho mais racional para quem quer manter o negócio de pé”, afirma. Segundo ele, reestruturar dívidas ajuda a alongar prazos e diluir pagamentos, o que é positivo tanto para o empreendedor quanto para o credor.
Ongaratto prevê que o movimento de renegociações deve seguir forte até 2026. “As empresas precisam reperfilar suas dívidas, trocando compromissos de curto prazo por condições mais sustentáveis. A reorganização é o único caminho para evitar colapsos financeiros”, ressalta.
Entre os microempreendedores individuais (MEIs), a situação é ainda mais delicada. Muitos abrem o próprio negócio sem planejamento financeiro e acabam se surpreendendo com as obrigações que vêm junto com o CNPJ.
Segundo Ana Luisa de Mello, especialista em educação financeira, a falta de preparo é o principal fator de inadimplência nesse público.
“Muitos não têm clareza sobre o fluxo de caixa e acabam gastando mais do que recebem. Nosso trabalho no Guia MEI é justamente ajudar a desenvolver essa consciência financeira”, explica.
O educador financeiro Fernando Gambaro avalia que o aumento das renegociações em Goiás reflete tanto a dificuldade quanto a oportunidade. “Os credores têm oferecido descontos que chegam a 90%, o que incentiva os empresários a buscarem regularização. A empresa que renegocia ganha fôlego e recupera credibilidade no mercado”, aponta.
Gambaro alerta, no entanto, que é preciso cautela antes de fechar qualquer acordo. “O empresário deve analisar o orçamento e entender até onde pode ir sem comprometer o caixa. Um acordo mal planejado pode gerar um novo ciclo de endividamento.”
Mesmo com um cenário econômico desafiador, os números mostram que os empreendedores goianos não estão desistindo. Pelo contrário: estão tentando reorganizar as finanças para continuar de portas abertas — e vivos no mercado.