SÃO PAULO, SP E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A segunda edição do CNU (Concurso Nacional Unificado), realizada neste domingo (5), teve 42,8% de abstenção, segundo a ministra Esther Dweck, do MGI (Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos). Do total de 761,5 mil inscritos, seis em cada dez compareceram.

O número é menor do que o de 2024, quando 54% dos inscritos não fizeram o exame. “Mostra que é um aumento muito grande em relação ao ano passado, o que a gente já imaginava.”

A maior abstenção foi no Amazonas, com 51,2% de faltantes, e a menor foi no Distrito Federal (30,8%).

As provas objetivas ocorreram em 228 cidades do país. Ao todo, há 3.652 vagas em 32 órgãos públicos. A ministra afirmou que a primeira fase ocorreu sem intercorrências, mesmo com mudanças no cartão do candidato na véspera do exame.

As provas mantiveram o estilo característico da FGV Conhecimento, com enunciados longos e questões que exigem interpretação e aplicação prática de conteúdos. Professores de cursos preparatórios ouvidos pela reportagem afirmam que os exames valorizaram a interpretação dos textos, com menos ‘decoreba’ e mais leitura e compreensão de casos.

Alguns especialistas observaram que o tempo de prova foi suficiente para quem se preparou adequadamente, mas que, devido aos enunciados extensos, muitos candidatos precisaram acelerar o ritmo na parte final.

Nem todos conseguiram terminar o exame. A fisioterapeuta Janaina Medeiros, 30, por exemplo, disse que precisou “chutar” as últimas 20 questões, de uma prova objetiva de 90. “Foi muito maçante, muitos textos longos em todas as questões. Foi o concurso mais difícil que já fiz.”

DIVERSIDADE

A ministra destacou a oportunidade de inclusão no serviço público que os candidatos têm visto no CNU. Segundo ela, em 2024, 21,5% das pessoas se inscreveram em vagas para cota. Nesta edição, foram 33%.

As mulheres representaram 57% na primeira edição. Nesta, foram 60%. “Nessa segunda edição, a gente percebeu que a população viu o CNU como uma forma de política inclusiva que se pauta para mudar a cara do serviço público do nosso país.”

Ela falou ainda que do total de participantes do CNU 1, 80% das pessoas que foram aprovadas para vagas imediatas no primeiro CNU já tomaram posse.

O total de participantes é bem menor do que na edição de 2024, que contou com 2,1 milhões de candidatos inscritos e cerca de 1 milhão presentes no dia de aplicação das provas.

Neste ano, o bloco que mais registrou inscrições foi o nove, com as vagas de ensino médio. Ao todo, foram 177.598 inscritos para 340 postos distribuídas entre nove agências reguladoras.

Mais órgãos ofereceram cargos com um menor número de vagas. Em 2024, eram 6.640 vagas em 21 órgãos públicos, com salários de até R$ 21 mil.

Agora, a maior remuneração é de R$ 16 mil, para cinco carreiras: quatro de especialistas na ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e uma na Ancine (Agência Nacional do Cinema).

SEGUNDA FASE

Para garantir maior diversidade na segunda etapa, da prova discursiva, o MGI alterou o edital do concurso a poucos dias da seleção.

Dentre as alterações estão a regra de que cargos com até 25 vagas terão um número mínimo de candidatos aprovados na prova objetiva. Nesses casos, para a segunda fase, serão chamadas ao menos nove pessoas de cada modalidade, incluindo ampla concorrência, pessoas negras, indígenas, quilombolas e com deficiência.

Para isso, é preciso que tenham atingido a nota mínima na prova objetiva. A regra vale mesmo nos casos em que não haja vagas imediatas para determinada cota. Serão respeitados os critérios de classificação e empate.

FRAUDES EM EDIÇÃO ANTERIOR

Dweck afirmou que três candidatos já foram eliminados do CNU feito em 2024 após constatação de fraude.

Há ainda outros três casos em avaliação, que a Justiça está pedindo mais informações para ter certeza de que houve fraude e poder afastá-los, afirmou. “A Justiça é quem toma a decisão final sobre a eliminação desses candidatos.”

“Se alguém tentar algo, vai ser punido. Ter tido essa operação antes da data do concurso é importante, porque essa quadrilha não vai poder atuar nesse concurso. Fiquem tranquilos, porque quem fizer a prova de forma honesta, correta e passar, poderá entrar e não deixaremos ninguém que fraudou entrar no lugar dessas pessoas”, disse.

CARTÃO DE CONFIRMAÇÃO ALTERADO NA VÉSPERA

O cartão de confirmação do CNU foi alterado na véspera da aplicação da prova. A alteração era na sala em que os candidatos fariam o exame. A mudança gerou reclamações presenciais e nas redes sociais. Muitos inscritos relataram que perceberam alteração em suas salas de prova ao checarem seu cartão de confirmação na manhã deste domingo (5).

O MGI, contudo, afirmou que a numeração da sala física foi divulgada só no sábado (4) e, por isso, a mudança teve ser feita.

“A única modificação consiste em que, anteriormente, por razões de segurança, o número da sala aparecia apenas de forma codificada; agora, está disponível de forma explícita no CCI [cartão de confirmação de inscrição]”, disse a pasta em comunicado.

Explicações sobre o local de prova foram enviadas aos candidatos via SMS pela FGV (Fundação Getulio Vargas), a entidade responsável pela aplicação do concurso.

QUAIS AS PRÓXIMAS ETAPAS DO CNU 2?

As provas discursivas do CNU 2 acontecerão no dia 7 de dezembro, em 228 cidades de todos os estados e no Distrito Federal. A divulgação das listas com as classificações das pessoas candidatas, em vagas imediatas e lista de espera devem ser divulgadas no dia 20 de fevereiro.

Os candidatos podem acompanhar outras informações no site da FGV Conhecimento, banca responsável pelo concurso.