SINGAPURA (FOLHAPRESS) – A McLaren assegurou neste domingo (5), no GP de Singapura, o título mundial de construtores da F1. No circuito de rua de Marina Bay, a escuderia assegurou a conquista com Lando Norris cruzando a linha de chegada em terceiro lugar na prova noturna, e Oscar Piastri em quarto.

Com isso, a McLaren chegou aos 650 pontos, e não pode mais ser alcançada pela Mercedes, segunda colocada, com 325 pontos. O resultado definiu a conquista por equipes com seis rodadas de antecedência, igualando recorde da Red Bull de 2023.

Foi o segundo ano seguido com triunfo da McLaren no campeonato de equipes. Mas, diferentemente do que ocorreu em 2024, o Mundial de pilotos também deve ficar com o time inglês, já que Oscar Piastri e Lando Norris têm folga em relação ao terceiro colocado.

Piastri lidera o Mundial de pilotos, agora com 336 pontos, seguido por Norris, com 314 pontos. O tetracampeão holandês Marx Verstapen, da Red Bull, segundo colocado em Singapura, é o terceiro na corrida pelo título, com 273 pontos. A vitória neste domingo foi de George Russell, da Mercedes, quarto no Mundial, com 237 pontos.

O domínio da atual temporada marca o início de uma nova era para a McLaren: a equipe se isola como a segunda mais vitoriosa da história da F1, ficando somente atrás da Ferrari.

A escuderia de Maranello esteve em todas as temporadas da F1, desde o início, em 1950. Já a jornada da McLaren começou nos anos 1960, quando o piloto Bruce McLaren fundou sua própria equipe. A cor da papaia, característica da Nova Zelândia, tem origem nessa época e foi adotada pela equipe nos últimos anos.

Apesar de não ter a legião de fãs de sua rival italiana, a McLaren tem enorme tradição no esporte. O primeiro título mundial veio em 1974, com Emerson Fittipaldi. E foi com outro piloto brasileiro que o time viveu sua grande fase: Ayrton Senna, campeão mundial em 1988, 1990 e 1991. Também estão na história da McLaren as conquistas de Niki Lauda, em 1984, e Alain Prost, em 1985, 1986 e 1989.

Prost e Senna formaram em 1988 o que ficou conhecido como a “equipe dos sonhos” da F1, vencendo 15 das 16 provas naquele ano -perdendo apenas o GP da Itália, em Monza, para a Ferrari, após Senna ter sido acertado por um retardatário a poucas voltas do fim.

Os caminhos de McLaren e Ferrari se alternaram nas últimas décadas, fazendo das duas equipes as maiores vencedoras da F1. A Ferrari é a maior ganhadora da história da categoria, com 248 vitórias. A McLaren soma 201, mais de 70 à frente da terceira colocada, a Mercedes (131). Já no ranking de títulos, o de 2025 faz com que a McLaren, agora com dez conquistas, ultrapasse a Williams, com nove. A líder, novamente, é a Ferrari, com 16.

Mas não é só nos números e estatísticas que a McLaren busca igualar-se à Ferrari. Desde que assumiu a gestão do time, Zak Brown nela imprimiu uma visão mais “norte-americana”, privilegiando a visibilidade de patrocinadores e utilizando com sabedoria o mundo digital -algo que passou a ser mais valorizado na F1 a partir de 2017 com a gestão da Liberty Media, grupo norte-americano que adquiriu a categoria.

O time com sede na cidade inglesa de Woking foi um dos primeiros a apostar de maneira pesada em ferramentas como as redes sociais e as novidades trazidas pelos novos donos da F1, como o seriado “Drive to Survive”, exibido na Netflix.

“Nossa equipe teve em 2024 um ano histórico, não apenas pelo título mas pelo retorno financeiro recorde com a operação do time na F1”, disse Zak Brown em Londres, no evento de comemoração dos 75 anos da categoria.

Na última semana, Brown confirmou a conclusão venda da McLaren Racing (o braço esportivo do McLaren Group) a fundos do Bahrein e dos Emirados Árabes Unidos em uma avaliação de US$ 4,1 bilhões (R$ 21,9 bilhões). A negociação não tira Zak do time: ele tem contrato até 2030.

Também tem compromisso longo outra peça-chave, o italiano Andrea Stella. Engenheiro da Ferrari por mais de uma década, ele se tornou chefe da McLaren em 2022 e tem papel importante no crescimento observado.

Questionado pela reportagem sobre os segredos do sucesso da equipe, Lando Norris respondeu: “São as pessoas”. “Temos um novo túnel de vento, mas essa não é a razão pela qual nosso carro está vencendo corridas agora. É uma pequena parte. São as pessoas, todos os que trabalham no carro, Andrea [Stella] e Zak [Brown]. É a atmosfera que eles permitem que as pessoas tenham, e nosso trabalho está melhor do que nunca”, disse.

Na Ferrari, o fã torce pela equipe, não necessariamente pelo piloto, algo que não acontece em outros times. Mas a McLaren pretende romper essa barreira, criando uma identidade própria com os torcedores. História para isso a equipe tem.

Em 2025, têm funcionado as “regras papaia”, em que os dois pilotos têm liberdade para disputar posições, mas sempre pensando na equipe em primeiro lugar.

Andrea Stella levou à McLaren o aprendizado de seus anos em Maranello para construir a base sólida das temporadas 2024 e 2025. Indagado pela reportagem sobre como compara as duas equipes, o italiano apontou similaridades.

“Sempre digo que as diferenças são muito menores do que se poderia imaginar. Certamente, ambas as equipes são caracterizadas por tentar selecionar as melhores pessoas, buscando os mais altos padrões. Na Ferrari você tem muita pressão externa vinda da mídia, da atenção que você recebe, você tem que lidar com isso. Mas, ao mesmo tempo, na McLaren devo dizer que você recebe muita atenção também. Então, há muito mais semelhanças do que diferenças, pelo que eu vivi nos dois times”, afirmou.

Neste ano, a McLaren obteve resultados bem mais sólidos diante da pressão. A Ferrari, embora esteja na terceira colocação de construtores, tem seus pilotos na quinta (o monegasco Charles Leclerc) e na sexta posição (o britânico Lewis Hamilton, heptacampeão, que ainda não conseguiu nenhum pódio na temporada).