SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Ministério da Saúde divulgou, neste sábado (4), que o total de notificações de casos suspeitos ou confirmados de intoxicação por metanol subiu para 195, distribuídos em 15 estados. Do total, 14 foram confirmados, todos em São Paulo.
Paralelamente ao monitoramento dos casos, o ministério reforçou seu plano de tratamento. Para garantir o atendimento em toda a rede pública, a pasta adquiriu mais 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2.500 tratamentos com fomepizol, um outro antídoto eficaz contra a intoxicação por metanol, que devem ser importados do Japão.
A previsão é que os novos estoques cheguem ao país ao longo das próximas semanas, assegurando o tratamento para os casos suspeitos e confirmados.
Até o boletim anterior, divulgado na sexta-feira (3), o Ministério da Saúde registrava 113 casos suspeitos de intoxicação por metanol em seis unidades da federação.
Dados atualizados na tarde deste sábado indicam 195 notificações, distribuídas em 14 estados e no Distrito Federal, totalizando 15 unidades da federação afetadas.
A maior parte continua concentrada em São Paulo, com 162 casos 14 confirmados e 148 ainda em investigação.
Há também 11 casos sob apuração em Pernambuco, cinco em Mato Grosso do Sul e três no Paraná. Bahia, Goiás e Rio Grande do Sul têm, cada um, dois casos em investigação. Já Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Rondônia, Piauí, Rio de Janeiro e Paraíba têm um caso cada.
SP teve uma morte confirmada e segue com outras sete em investigação. Também foram notificados três óbitos em Pernambuco, um na Bahia e um em Mato Grosso do Sul.
Em entrevista coletiva à imprensa em Teresina (PI) na manhã deste sábado, o ministro contextualizou a “situação anormal de registro de suspeitas de intoxicação pelo metanol pelo Brasil”. “Quando cheguei aqui, recebi do secretário estadual do Piauí a informação de um caso que internou ontem à noite em Parnaíba suspeito de intoxicação com metanol.”
Segundo Padilha, a diferença entre o número crescente de notificações e a estabilidade nos confirmados ocorre porque o ministério recomendou que profissionais de saúde notifiquem imediatamente diante da primeira suspeita clínica, sem esperar a confirmação laboratorial.
ESTOQUE DE ANTÍDOTOS
Para o tratamento, o Ministério da Saúde já havia adquirido 4.300 ampolas de etanol farmacêutico, distribuídas em hospitais universitários federais, que podem repassar a qualquer unidade do SUS. Agora, segundo Padilha, foi feita a compra de mais 12 mil ampolas, que devem chegar ao país na próxima semana e serão destinadas aos centros de referência em toxicologia.
Alexandre Padilha complementou informando que a Anvisa já havia repassado aos gestores estaduais e municipais a lista das “609 farmácias de manipulação no Brasil que tem capacidade de produzir o etanol farmacêutico”, assegurando que o produto está “garantido em toda a rede do SUS, os centros de referência de toxicologia, os pontos de referência nas criatividades estaduais, o etanol farmacêutico para ser utilizado nos casos suspeitos por recomendação médica acompanhado pelos centros de referência de toxicologia”.
Além disso, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o governo adquiriu 2.500 tratamentos com fomepizol, outro antídoto eficaz contra intoxicações por metanol e que não era comercializado no Brasil. O carregamento deve chegar ainda nesta semana, também para reforçar os estoques estratégicos.
O metanol é um tipo de álcool muito perigoso que, quando ingerido, se transforma no corpo em ácido fórmico, um veneno que pode causar cegueira e até a morte. Para tratar esse envenenamento, existem dois remédios antídotos principais. O primeiro é o próprio etanol (o álcool comum das bebidas), que já está disponível no Brasil.
Ele funciona “atrapalhando” a transformação do metanol no veneno, forçando o corpo a eliminá-lo de forma mais segura. A desvantagem é que esse tratamento causa embriaguez como efeito colateral. O segundo antídoto é o fomepizol, que faz a mesma coisa, mas com a vantagem de ter menos efeitos colaterais.
Os sintomas do envenenamento começam como uma bebedeira ou ressaca muito forte, com tontura, moleza, sonolência, náuseas e dor de cabeça. O grande perigo é que, entre 6 e 24 horas depois do consumo, o veneno pode atacar a visão, causando visão turva, sensibilidade à luz, pupilas dilatadas e até a perda da capacidade de enxergar cores. Por isso, é fundamental procurar um médico imediatamente ao primeiro sinal de suspeita.