SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O trio detido sob suspeita de envolvimento no roubo e na morte do advogado Luiz Fernando Pacheco, 51, rondava a região central da capital paulista atrás de potenciais vítimas com objetos de valor que pudessem ser roubados, segundo um dos presos relatou à polícia.

Lucas Brás dos Santos, 27, Ana Paula Teixeira Pinto de Jesus, 45, e José Lucas Domigo Alves, 23, foram presos nesta sexta (3) em frente a um abrigo na rua Riachuelo, na Sé, região central, após serem identificados por câmeras de monitoramento. A reportagem tenta localizar a defesa deles.

Pacheco foi atacado ao sair de um bar em Higienópolis, na madrugada de quarta-feira (1º). Durante a abordagem, foi agredido, caiu e bateu a cabeça no chão. Ele teve o celular e o relógio levados pelos suspeitos. O advogado chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital.

Em interrogatório na noite desta sexta, no 4º DP (Consolação), os presos afirmaram que moram nas ruas da região central, pois estão desempregados e passam por dificuldades financeiras.

Santos –que aparece nas imagens agredindo Pacheco– disse que passava pela rua Itambé, acompanhado da namorada, Ana Paula, e de outros dois moradores de rua, quando avistou o advogado em aparente estado de embriaguez, cambaleante e passando mal.

O suspeito afirmou ter perguntado a Pacheco se ele estava bem, momento em que o advogado teria caído sobre ele. Quando o viu no chão, Santos disse ter aproveitado para roubar o celular e o relógio dele. Em seguida, fugiu com a namorada.

Santos disse ter olhado para trás durante a fuga e visto Pacheco sentado no chão, ofegante. Longe dali, afirmou ter entregado o celular a um outro morador de rua que os acompanhava, José Lucas –conhecido como Gordinho. O relógio foi entregue para um outro homem que também estava junto ao casal e ainda não foi identificado.

Na versão apresentada por ele, a namorada não teve participação no crime e não tinha conhecimento da ação. No entanto, imagem obtida pela reportagem mostra a ação do casal. É Ana Paula quem tira o relógio do pulso do advogado.

Segundo Santos, os dois homens ficaram afastados e tinham como função vender os objetos roubados. Ele afirmou aos investigadores que não tinha a intenção de matar a vítima.

Após o crime, o casal passou madrugada em uma praça e seguiu para um hotel na avenida São João, centro de São Paulo. Eles teriam ficado sabendo da morte de Pacheco pela TV.

O suspeito negou, segundo a polícia, ter agredido o advogado com um soco na cabeça. Também disse que não vendeu os objetos roubados e não sabe o destino que os outros dois homens envolvidos no crime deram ao relógio e ao celular.

Já Ana Paula relatou aos policiais que eles estavam em quatro pessoas, mas dois homens se afastaram para que ela e o namorado se aproximassem de Pacheco. Ela afirmou ter dado um chute na perna do advogado no momento em que Santos o empurrou, fazendo-o cair na calçada. Ela confirmou, segundo a polícia, ter roubado o relógio e seu namorado, o celular.

Diferente do relatado por Santos, Ana Paula disse ter ficado no vale Anhangabaú, enquanto o namorado saiu para vender os objetos roubados. Ele retornou após algumas horas, quando foram para um hotel na avenida São João. Ela não soube precisar se o celular e o relógio foram vendidos.

Alves, chamado de Gordinho, contou à polícia que estava em um escadão no vale do Anhangabaú, por volta das 20h da terça-feira (30), quando foi convidado por Santos e Ana Paula para cometer um roubo. Como não encontraram vítimas na região do vale, passaram pela praça da República, praça Roosevelt, até chegar ao bairro de Higienópolis.

Na rua Itambé, viram Pacheco aparentemente embriagado e resolveram abordá-lo. Segundo Alves, Santos teria visto que o advogado usava um relógio da marca Rolex e falou que o objeto “valia dinheiro”.

Alves contou ter desistido do roubo ao ver um segurança particular em uma cabine na rua. Ele afirmou ter tentado demover Santos de praticar o crime, mas acabou indo embora do local com o outro homem, deixando o casal.

Eles voltaram a se encontrar por volta das 3h, quando Santos e a namorada mostraram o celular, um iPhone, e o relógio da marca Rolex.

O casal, segundo o relato de Alves, deixou o local sob a justificativa de vender os objetos no bairro do Glicério, e prometeu lhe dar R$ 500 assim que conseguisse o dinheiro. Por volta das 7h, ele voltou a vê-los, mas a venda não havia sido concluída. Na ocasião, Santos teria dito que o relógio custava cerca de R$ 94 mil.

A polícia ainda tenta identificar o quarto homem apontado pelos presos.