SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Neste sábado (4), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse em entrevista coletiva em Teresina (PI) que o total de notificações de casos suspeitos ou confirmados de intoxicação por metanol subiu para 127, distribuídos em 12 estados. Do total, 11 foram confirmados por exame laboratorial.
Paralelamente ao monitoramento dos casos, o Ministério da Saúde reforçou seu plano de tratamento. Para garantir o atendimento em toda a rede pública, a pasta adquiriu mais 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2.500 tratamentos com fomepizol, um outro antídoto eficaz contra a intoxicação por metanol, que devem ser importados do Japão.
A previsão é que os novos estoques cheguem ao país ao longo das próximas semanas, assegurando o tratamento para os casos suspeitos e confirmados.
Até o boletim anterior, divulgado na sexta-feira (3), o Ministério da Saúde registrava 113 casos suspeitos de intoxicação por metanol em seis unidades da federação. No novo informe, o número de notificações subiu para 127, distribuídas em 12 estados e no Distrito Federal, totalizando 13 unidades da federação afetadas.
A maior parte continua concentrada em São Paulo, com 104 casos 11 confirmados e 93 ainda em investigação. Há também 7 casos sob apuração em Pernambuco, 4 em Mato Grosso do Sul, 2 na Bahia, Goiás e Paraná, e 1 caso em cada um dos seguintes locais: Distrito Federal, Roraima, Minas Gerais, Mato Grosso, Espírito Santo e Piauí.
Ao todo, foram 12 óbitos notificados1 confirmado em São Paulo e 11 em investigação (8 em São Paulo, 1 em Pernambuco, 1 na Bahia e 1 em Mato Grosso do Sul).
O ministro iniciou sua fala contextualizando a “situação anormal de registro de suspeitas de intoxicação pelo metanol pelo Brasil” e passou a confirmar os números atualizados. “Durante a noite eu quando cheguei aqui recebi do secretário estadual do Piauí a informação de um caso que internou suspeito ontem à noite em Parnaíba de intoxicação com metanol”, afirmou.
Segundo Padilha, a diferença entre o número crescente de notificações e a estabilidade nos confirmados ocorre porque o ministério recomendou que profissionais de saúde notifiquem imediatamente diante da primeira suspeita clínica, sem esperar a confirmação laboratorial.
ESTOQUE DE ANTÍDOTOS
Para o tratamento, o Ministério da Saúde já havia adquirido 4.300 ampolas de etanol farmacêutico, distribuídas em hospitais universitários federais, que podem repassar a qualquer unidade do SUS. Agora, segundo Padilha, foi feita a compra de mais 12 mil ampolas, que devem chegar ao país na próxima semana e serão destinadas aos centros de referência em toxicologia.
Alexandre Padilha complementou informando que a Anvisa já havia repassado aos gestores estaduais e municipais a lista das “609 farmácias de manipulação no Brasil que tem capacidade de produzir o etanol farmacêutico”, assegurando que o produto está “garantido em toda a rede do SUS, os centros de referência de toxicologia, os pontos de referência nas criatividades estaduais, o etanol farmacêutico para ser utilizado nos casos suspeitos por recomendação médica acompanhado pelos centros de referência de toxicologia”.
Além disso, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o governo adquiriu 2.500 tratamentos com fomepizol, outro antídoto eficaz contra intoxicações por metanol e que não era comercializado no Brasil. O carregamento deve chegar ainda nesta semana, também para reforçar os estoques estratégicos.
O metanol é um tipo de álcool muito perigoso que, quando ingerido, se transforma no corpo em ácido fórmico, um veneno que pode causar cegueira e até a morte. Para tratar esse envenenamento, existem dois remédios antídotos principais. O primeiro é o próprio etanol (o álcool comum das bebidas), que já está disponível no Brasil.
Ele funciona “atrapalhando” a transformação do metanol no veneno, forçando o corpo a eliminá-lo de forma mais segura. A desvantagem é que esse tratamento causa embriaguez como efeito colateral. O segundo antídoto é o fomepizol, que faz a mesma coisa, mas com a vantagem de ter menos efeitos colaterais.
Os sintomas do envenenamento começam como uma bebedeira ou ressaca muito forte, com tontura, moleza, sonolência, náuseas e dor de cabeça. O grande perigo é que, entre 6 e 24 horas depois do consumo, o veneno pode atacar a visão, causando visão turva, sensibilidade à luz, pupilas dilatadas e até a perda da capacidade de enxergar cores. Por isso, é fundamental procurar um médico imediatamente ao primeiro sinal de suspeita.