SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil continua investigando a morte do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, 64, em Praia Grande, na Baixada Santista, e o novo foco é sobre possível participação de servidores da prefeitura local.

Na nova fase da investigação, a polícia realizou diligências de busca e apreensão contra cinco funcionários da prefeitura, o que resultou no pedido de exoneração do subsecretário de Gestão e Tecnologia, Sandro Rogério Pardini, 60, alvo de mandado na última segunda-feira (29). O pedido foi publicado nesta sexta-feira (3) no Diário Oficial do município.

Por enquanto, eles não são considerados suspeitos, apenas investigados.

A Polícia Civil apura se a morte foi uma represália ao trabalho que Ruy vinha fazendo na prefeitura –ele era secretário de Administração do município– ou se está ligada ao seu passado de atuação contra o crime organizado, quando foi o primeiro a investigar o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Oito pessoas suspeitas de participação direta ou indireta na morte já foram identificadas e tiveram a prisão decretada pela Justiça. Quatro delas estão presas e três, foragidas, além de Umberto Alberto Gomes, 39, que foi morto em confronto com a polícia.

A ação contra Pardini foi em um imóvel dele no litoral paulista. O subsecretário estava na residência. Procurada, a defesa afirmou que ele “nega veementemente toda e qualquer participação, seja ela direta ou indireta”.

Em nota à Folha, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) confirmou que a Polícia Civil, por meio do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), segue em diligências visando à devida elucidação dos fatos.

“Na última semana foi realizada uma ação com o objetivo de cumprir mandados de busca e apreensão na Prefeitura de Praia Grande. Os detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial”, afirmou a SSP.

Também em nota à reportagem, a Prefeitura de Praia Grande confirmou o pedido de exoneração de Pardini. “Na solicitação, justificou a decisão como necessária para dedicar atenção integral à sua família que está profundamente abalada pelos recentes acontecimentos. O servidor também declarou que, uma vez concluídas as investigações e comprovada sua inocência, permanecerá à disposição da Administração Municipal e do interesse público”, destacou a gestão municipal.

A defesa de Pardini também enfatizou que o pedido foi feito única e exclusivamente para que ele consiga concentrar seus esforços na sua defesa e nos cuidados com a família.

“Sandro jamais passou por qualquer evento semelhante e também está assustado em estar vivendo tudo isso sabendo da sua inocência. Estamos em contato com as autoridades policiais para prestar todos os esclarecimentos que forem pertinentes. Acreditamos que com as análises vindouras o Sandro possa retomar sua vida profissional e pessoal”, disse a defesa.

A Prefeitura de Praia Grande afirma ter conhecimento das duas frentes de investigação em andamento e que entende que seja procedimento padrão da apuração que servidores sejam ouvidos pelas autoridades.

“Os demais servidores seguem no quadro de funcionários. Ressalta-se que tal circunstância não significa que esses servidores sejam considerados suspeitos. A Administração Municipal mantém contato permanente com a Polícia Civil e colabora integralmente com as investigações, fornecendo imagens, informações e demais materiais requisitados”, complementa a gestão.