SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – O deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida (PRD), conhecido como Binho Galinha, foi preso na tarde desta sexta-feira (3) após se entregar na sede do Ministério Público do Estado da Bahia, em Feira de Santana (109 km de Salvador).
Acusado de chefiar uma milícia, ele estava foragido desde a última quarta-feira (1°). A Justiça havia decretado sua prisão no âmbito da “Operação Estado Anômico”, na qual outras nove pessoas foram presas, incluindo a esposa e o filho do parlamentar e quatro policiais militares.
A defesa do deputado ainda não se manifestou sobre a prisão. No ano passado, afirmou que Binho Galinha “jamais praticou os crimes que lhe estão sendo atribuídos e que vai provar sua inocência na Justiça”.
Cerca de 20 agentes policiais e promotores cumpriram o mandado de prisão preventiva do deputado, que foi escoltado até Salvador.
Binho Galinha é réu pelos crimes de lavagem de dinheiro do jogo do bicho, agiotagem e receptação qualificada. As investigações apontaram que o deputado lavava dinheiro por meio de empresas e vendia peças de carro roubadas em uma loja de sua propriedade. Apenas em 2023, foram identificadas transações suspeitas que chegavam a R$ 3,9 milhões.
Mesmo sob medidas cautelares, diz o Ministério Público, o deputado teria mantido a liderança do grupo, utilizando empresas de fachada e “laranjas” para movimentar recursos.
“Há novos elementos que confirmam a continuidade das atividades ilícitas cometidas pelos investigados”, afirmou o delegado da Polícia Federal, Geraldo Almeida, responsável pelo caso.
As novas investigações identificaram elos dos suspeitos com os crimes de venda ilegal de armas de fogo e associação ao tráfico de drogas. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 9 milhões em bens dos investigados e a suspensão das atividades de uma empresa.
A “Estado Anômico” um é desdobramento da operação “El Patron”, pela qual o deputado se tornou réu em 2023. A operação chegou a ser anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas a decisão foi revertida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que considerou as provas válidas.
A primeira operação contra o deputado foi deflagrada em 7 de dezembro de 2023, quando 15 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público. Na época, dez pessoas foram presas preventivamente.
Um relatório da Polícia Federal afirmou, na ocasião, que a suposta milícia liderada pelo deputado estadual teria tentáculos em vários setores do poder público na Bahia.
Binho Galinha é apontado como líder de organização criminosa, que inclusive adota práticas milicianas, com atuação principalmente na região de Feira. Segundo investigações das operações ‘El Patrón’ e ‘Estado Anômico’, o grupo criminoso é responsável por delitos como lavagem de dinheiro, obstrução da justiça, jogo do bicho, agiotagem, receptação qualificada, comércio ilegal de armas, usurpação de função pública, embaraço a investigações e tráfico de drogas.
O parlamentar já responde a duas ações penais, denunciado em fevereiro deste ano e em dezembro de 2023 pelo MPBA, em decorrência da Operação El Patrón, por lavagem de dinheiro, jogo do bicho, agiotagem e receptação qualificada.
A Operação Estado Anômico teve o objetivo de aprofundar as investigações da El Patrón sobre a organização criminosa, que possui uma estrutura complexa, com divisão de tarefas entre seus membros, incluindo policiais militares. Ao todo, 15 pessoas já foram denunciadas por envolvimento com o grupo criminoso supostamente liderado pelo deputado.
Na quarta-feira, a presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, deputada Ivana Bastos (PSD), informou que, assim que a Casa for oficialmente notificada, o Conselho de Ética será acionado para analisar o caso “com transparência, imparcialidade e respeito ao Estado de Direito.”