CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil e a Guarda Municipal de Campinas fecharam na tarde desta sexta-feira (3) uma fábrica de adulteração de cervejas em Campinas, no interior de São Paulo.
O caso é desdobramento dos trabalhos da Polícia Civil para conter a os casos de intoxicação por metanol no estado. A apreensão desta tarde aconteceu após denúncia anônima.
No local, um galpão na favela de Cidade Singer, na região do Aeroporto Internacional de Viracopos, foram apreendidas cerca de 14,6 mil garrafas de cervejas falsificadas, prontas para comercialização. Cinco pessoas foram presas.
Segundo a comandante da Guarda Municipal, Maria de Lourdes Soares, os suspeitos disseram que receberiam R$ 3 por cada caixa (20 unidades) do produto falso. “Apenas nesta semana, sairiam daqui 840 caixas”, afirmou.
No galpão, os suspeitos fraudavam as cervejas, trocando rótulos e tampas em garrafas de vidro de 600 ml. Para a produção, eles compravam a bebida de uma marca inferior e sem rótulo, e adicionavam selos de Original e Brahma aos recipientes, prática para enganar os compradores.
Durante esse processo, os suspeitos abriam para a troca de tampa. A polícia afirma, no entanto, que não há indícios de adulteração do líquido com metanol, já que o produto das garrafas vinham de um outro fornecedor.
“O que eles faziam aqui eram falsificar uma bebida de péssima qualidade para vender como se fosse de um rótulo superior. É uma prática com ampla margem de lucro”, disse à Folha de S.Paulo o delegado Luiz Fernando Dias, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais).
O local onde o crime era praticado era fechado e repleto de terra sobre o contrapiso. Em algumas partes do galpão se acumulavam garrafas quebradas, sacos de lixo e baldes sujos. Barro e restos de entulho também compunham o cenário.
Durante a presença da reportagem no local, os cinco suspeitos, algemados no interior do prédio, riam e acenavam a imprensa, enquanto agentes da polícia civil apreenderam milhares de rótulos e tampas.
Os celulares dos suspeitos também foram apreendidos. Com isso, a polícia espera chegar até o chefe da operação e a prováveis compradores das cervejas falsas. Os investigadores também tencionam chegar aos fornecedores dos rótulos, para averiguar se tratam-se de material também falsificado ou adquirido com algum fornecedor.
Somado, o valor de caixas comercializadas apenas nesta semana renderia cerca de R$ 2.500 aos cinco detidos. Ali, eles manuseavam os produtos em péssimas condições de trabalho, sem água potável ou torneiras para higienizar as mãos. O local, escuro e fechado, também não tinha refrigeração. Em São Paulo, bebidas das marcas usadas na falsificação custam entre R$ 10 e R$ 25 por garrafa.
O bairro onde ocorreu a apreensão é um dos mais carentes de Campinas. As investigações continuam.
Segundo o Ministério da Saúde, há uma morte por intoxicação por metanol confirmada em laboratório, além de outras sete sob investigação, até esta quinta-feira (2). Além disso, a Bahia registrou a primeira morte por suspeita de intoxicação com metanol nesta sexta-feira (3).
A pasta disse que recebeu 59 notificações de possível contaminação pelo produto após consumo de bebida alcoólica em São Paulo, Pernambuco e no Distrito Federal. Há 11 casos confirmados e 48 em análise, números que incluem pacientes que morreram.