SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Membros da embaixada brasileira em Tel Aviv afirmaram ter encontrado nesta sexta-feira (3) os brasileiros presos após interceptação, por Israel, da flotilha de ajuda humanitária que seguia para Gaza.

“Todos afirmaram estar bem e demonstraram resiliência emocional diante da situação”, diz a nota sobre o caso. A embaixada declarou ter informado os brasileiros sobre o contato realizado por familiares e eles ficaram satisfeitos em serem informados das mensagens recebidas.

Brasileiros estão detidos na prisão de Ketziot, localizada no deserto de Neguev, em Israel. Eles estão sendo submetidos aos trâmites jurídicos das autoridades israelenses e aguardam a deportação.

Dos 15 brasileiros membros da delegação brasileira, 14 estão detidos. O único que não foi apreendido é um correspondente da Al Jazeera, que tem passaporte brasileiro e está na contagem dos nacionais, que estava em um barco de observadores, com políticos e jornalistas. Porém, a embarcação em que ele estava não entrou na zona proibida pelas autoridades israelenses.

Um dos brasileiros presos havia sido dado como desaparecido pela família. O cineasta Miguel Viveiros de Castro, 49, estava no barco Catalina, interceptado pelas autoridades israelenses. Ele não constava na lista de brasileiros detidos divulgada inicialmente.

Embaixada diz que seguirá acompanhando o caso e manterá os familiares informados.

ENTENDA O CASO

Israel iniciou nesta sexta-feira (3) as deportações de ativistas da flotilha que levava ajuda humanitária para Gaza. Também nesta sexta-feira foi anunciada a interceptação do último barco da flotilha Global Sumud (“resiliência” em árabe), que zarpou em setembro de Barcelona levando a bordo ativistas como Greta Thunberg e personalidades políticas.

Intenção da flotilha é transportar ajuda para este território palestino que, segundo a ONU, sofre com a fome extrema. No entanto, Israel impõe um bloqueio naval no entorno do território, onde há quase dois anos seu exército trava uma guerra contra o movimento islamista palestino Hamas, iniciada após o ataque de 7 de outubro de 2023.

Na quarta-feira (1º), a Marinha israelense começou a interceptar embarcações. Eles detiveram ativistas procedentes de dezenas de países, entre eles Brasil, Argentina, México e Espanha, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg, o brasileiro Thiago Ávila, a ex-prefeita de Barcelona Ada Colau e Mandla Mandela, neto de Nelson Mandela.

O ataque dos comandos islamistas em 7 de outubro de 2023 provocou a morte de 1.219 pessoas em Israel. A maioria das vítimas é composta por civis, segundo um balanço da AFP com base em fontes oficiais.

A ofensiva israelense em represália matou pelo menos 66.225 pessoas na Faixa de Gaza, também civis na maioria. Os dados são do Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas, que a ONU considera confiáveis.