BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estendeu até as 18h de domingo (5), 19h no horário de Brasília, o prazo do ultimato dado ao Hamas para que o grupo terrorista responda à proposta do plano do americano para o fim da guerra na Faixa de Gaza.

“Se nesta última chance para um acordo ele não for alcançado, um inferno total, como nunca antes visto, será lançado contra o Hamas”, afirmou Trump nesta sexta-feira (3). “Haverá paz no Oriente Médio de um jeito ou de outro”, conclui o americano, esta última frase inteira em letras maiúsculas, como é comum em suas publicações em redes sociais.

A facção terrorista afirmou mais cedo nesta sexta que precisa de mais tempo para estudar o plano de paz apresentado por Trump e apoiado pelo primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu.

Na terça-feira (30), o presidente americano havia dado um ultimato ao Hamas de “três a quatro dias” para aceitar seu plano destinado a pôr fim a quase dois anos de guerra no território palestino.

O Hamas continua em discussão sobre o plano de Trump e informou aos mediadores que as consultas seguem e que é necessário mais tempo, declarou sob anonimato um membro da alta cúpula à AFP.

O plano esboçado pelo presidente americano prevê um cessar-fogo imediato, a libertação dos reféns israelenses em 72 horas em troca de palestinos, o desarmamento do Hamas e a retirada gradual do Exército de Israel de Gaza.

Além disso, prevê um governo pós-guerra para Gaza que não envolva a facção ou a Autoridade Nacional Palestina e tenha como órgão de transição com conselho presidido por Trump. Há previsão ainda de uma força internacional temporária para o território e de anistia para integrantes do Hamas que abaixarem armas e “se comprometerem com a coexistência pacífica”.

Apoiado por vários países árabes e ocidentais, o plano apresenta algumas incógnitas, como o cronograma da retirada israelense e a modalidade do desarmamento do Hamas. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, afirmou na quarta-feira (1º) que o governo brasileiro aplaude a proposta.

Nesta sexta, o chanceler do Egito, Badr Abdelatty, instou o Hamas a aceitar o plano de Trump. “Não vamos dar qualquer desculpa para que alguém use o Hamas como pretexto para este massacre insano de civis”, afirmou em evento em Paris. Abdelatty disse que a proposta tem “muitos buracos”, mas que há consenso de que o grupo terrorista não deve ter um papel no governo de Gaza após a guerra.

Mohamad Nazal, membro do conselho político do Hamas, afirmou nesta sexta-feira em um comunicado que o plano apresenta pontos que preocupam a facção. “Estamos em contato com os mediadores e com as partes árabes e islâmicas, e levamos muito a sério a possibilidade de alcançar um acordo”, declarou. “Em breve anunciaremos nossa posição”.

Em meio à expectativa sobre a resposta do Hamas, Hugh Lovatt, pesquisador do Conselho Europeu de Relações Exteriores, afirmou que o Qatar pode pressionar por um novo movimento, mas “em última análise, não se trata apenas de convencer os líderes do Hamas em Doha, mas também os líderes em Gaza e os membros e combatentes do Hamas em Gaza”.

Um palestino próximo à liderança do Hamas disse à AFP na quarta-feira que o grupo quer alterar algumas das cláusulas, como o desarmamento e a expulsão dos líderes do Hamas e das facções. Também quer garantias internacionais de uma retirada completa de Israel da Faixa de Gaza e de que não haverá tentativas de assassinato contra eles dentro ou fora do território.

Segundo essa pessoa com conhecimento da cúpula da facção, há uma ala que apoia a aprovação incondicional, já que a prioridade seria um cessar-fogo sob as garantias de Trump. Outra divisão quer mais esclarecimentos sobre a questão de se desarmar e sair de Gaza.

NOVOS ATAQUES NA CIDADE DE GAZA

A Defesa Civil de Gaza, controlada pelo Hamas, relatou intensos bombardeios israelenses e fogo de artilharia sobre a Cidade de Gaza nesta sexta.

O Exército israelense lançou em setembro uma grande ofensiva aérea e terrestre para tomar o maior núcleo urbano de Gaza, o que obrigou centenas de milhares de pessoas a fugirem para o sul.

Devido às restrições aos meios de comunicação em Gaza e às dificuldades para acessar muitas áreas, a AFP não pôde verificar de forma independente os relatos fornecidos pela Defesa Civil ou pelo Exército israelense.

O porta-voz da Unicef James Elder disse que não há nenhum lugar seguro para os palestinos que receberam ordens de se retirar da Cidade de Gaza e que as zonas designadas por Israel no sul são “locais de morte”.

Israel declarou na quarta-feira que os palestinos que permanecerem na Cidade serão tratados como terroristas.

A guerra começou com o ataque terrorista sem precedentes do Hamas no sul de Israel, que resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis. A ofensiva de retaliação israelense matou pelo menos 66.225 pessoas, segundo números do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.