Da Redação
Em coletiva nesta sexta-feira (3), o secretário de Estado da Saúde, Rasível dos Reis, detalhou a estratégia montada pelo governo goiano diante da preocupação com bebidas adulteradas com metanol, que já causaram mortes em outros estados. Entre as medidas anunciadas está a preparação de um estoque de etanol hospitalar, usado como antídoto em casos de envenenamento.
Segundo o secretário, o etanol pode ser administrado por ampolas — produto atualmente em falta no mercado — ou por sonda nasoentérica. “Estamos buscando criar uma reserva, caso haja necessidade. Existe também o fomepizol, mas esse medicamento não tem registro na Anvisa e, por isso, não pode ser utilizado no Brasil”, afirmou.
Atualmente, o tratamento disponível inclui hidratação, suporte clínico e a aplicação de etanol. A resposta rápida é considerada essencial, já que pequenas doses de metanol podem provocar cegueira, falência de órgãos e até morte.
Força-tarefa em campo
Na mesma coletiva, o secretário de Segurança Pública, Renato Brum, informou que agentes de fiscalização e equipes policiais já atuam em conjunto para identificar bebidas suspeitas. Sempre que houver indício de adulteração, amostras serão encaminhadas para análise na Polícia Técnico-Científica.
A ação é fruto de determinação do governador Ronaldo Caiado, que, no início da semana, ordenou inspeções em distribuidoras de bebidas em todo o estado. O objetivo é prevenir que a tragédia registrada em Pernambuco e São Paulo se repita em Goiás. “Quero tranquilizar a população: não temos nenhum caso suspeito no estado”, declarou o governador em vídeo publicado nas redes sociais.
Situação nacional
Apesar de Goiás não registrar ocorrências, o cenário preocupa em outras regiões. Em São Paulo, já são dezenas de casos notificados, com mortes confirmadas em São Bernardo do Campo. Pernambuco também investiga três suspeitas, incluindo dois óbitos.
Enquanto isso, diversos bares e distribuidoras foram interditados e milhares de garrafas de destilados apreendidas. A apreensão mais recente envolveu mais de 128 mil garrafas de vodca lacradas em Barueri, ainda sem documentação de origem.
O que é o metanol e por que é tão perigoso?
O metanol é um álcool industrial usado em solventes, tintas e combustíveis. Quando ingerido, seu metabolismo no fígado gera substâncias tóxicas que atacam principalmente o cérebro e os olhos. Os sintomas podem aparecer horas após o consumo, dificultando a detecção.
Entre os sinais mais comuns estão confusão mental, vômitos, queda de pressão, tontura e perda de coordenação. Em estágios mais graves, surgem insuficiência renal, convulsões e até sangramentos internos.
A intoxicação exige tratamento rápido em ambiente hospitalar, com uso de etanol como antídoto e, em casos severos, sessões de diálise.