SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Objeto de uma crise de confiança que já fez suas ações derreterem mais de 60%, a Ambipar é uma multinacional brasileira de gestão ambiental que atua em administração de resíduos e emergências ambientais em 40 países.
Criada em 1995, a empresa oferece serviços de coleta, transporte, reciclagem e transformação de resíduos industriais em novos produtos, além de gerenciamento de crises e remoção de poluentes em locais contaminados por acidentes.
A empresa, que possui mais de 20 mil funcionários espalhados por 500 bases ao redor do mundo, tem duas unidades.
A Ambipar Environment trabalha com a coleta e transporte de resíduos industriais, reinserindo essas sobras na cadeia produtiva como matéria-prima para a fabricação de novos produtos e geração de energia.
A outra unidade é a Ambipar Response, especializada em atender emergências como acidentes ou derramamentos de produtos químicos, com serviços como limpeza, consertos e manutenção de tanques.
A Ambipar foi fundada por Tércio Borlenghi Junior, advogado com especialização em administração de empresas que se tornou bilionário após uma valorização de 700% das ações da companhia no ano passado.
A disparada no valor das ações foi objeto de questionamentos da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que concluiu que a gestora Trustee atuou em conjunto com Borlenghi Junior na aquisição de papeis da empresa em julho e agosto do ano passado, o que a Ambipar nega.
Com esse movimento, foi ultrapassado o limite de um terço das ações em circulação que o controlador pode ter em mãos sem ter que acionar uma oferta pública de aquisição (OPA) para adquirir os papeis restantes.
A CVM chegou a determinar o acionamento de uma OPA em março deste ano, mas voltou atrás quatro meses depois, ao concluir que a situação não configurava a necessidade do mecanismo.
A Trustee foi uma das gestoras alvo da operação Carbono Oculto, que investiga a atuação do PCC (Primeiro Comando da Capital) e de outras facções na cadeia produtiva de combustíveis e no setor financeiro.
A crise recente da empresa, que levou ao derretimento dos papeis, tem a ver com o caixa da companhia.
A Ambipar obteve, há uma semana, uma liminar da Justiça do Rio de Janeiro que a protege de execuções de dívidas de seus credores um indício de possível calote para a agência de classificação de risco S&P Global Ratings, que cortou a nota de crédito da multinacional de “BB-” para “D”, de “default”.
Procurada nesta quinta para comentar a queda nas ações, a Ambipar disse que não irá comentar o caso.
O governo federal firmou um acordo no ano passado com a empresa, através do Ministério dos Povos Indígenas, para fazer ações de prevenção de desastres e recuperação.
O acordo, feito durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, foi alvo de notícias falsas que mencionavam que haveria transferência da gestão de territórios indígenas para o setor privado, o que levou a pasta do governo Lula a publicar uma nota esclarecendo a natureza da parceria.