SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro de Segurança Interna de Israel, o extremista Itamar Ben-Gvir, visitou o porto de Ashdod na noite de quinta-feira (2), para onde as Forças Armadas haviam levado os membros da flotilha Global Sumud, e chamou os detidos de terroristas e apoiadores de assassinos.
Segundo a organização, os ativistas foram levados para a prisão de Ktzi’ot, no deserto de Negev, perto da fronteira com o Egito. Procurada, a Embaixada de Israel no Brasil afirmou que não se manifestará sobre o assunto. Cerca de 40 barcos foram interceptados e mais de 400 pessoas foram presas, incluindo 14 brasileiros. O Itamaraty informou na manhã desta sexta (3) que estava em visita ao centro de detenção para saber a situação do grupo.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra os ativistas da flotilha, que tentavam furar o bloqueio e levar ajuda humanitária a Gaza, sentados no chão do porto. O ministro está parado diante do grupo, em pé, e começa a falar com eles.
“Terroristas. Olhem para eles. Apoiam assassinos. Aliás, os barcos deles eram uma grande festa. Eles não vieram para ajudar, mas sim pró-Gaza, pró-terroristas”, afirma Ben-Gvir. Em seguida, o ministro entra em um dos barcos e questiona a quantidade de ajuda humanitária carregada pelas embarcações, reforçando o discurso do governo de que o envio de mantimentos não era a prioridade da flotilha.
Ben-Gvir fez um post em sua conta no X em que afirma que Israel deveria manter os ativistas presos “por alguns meses, para que sintam o cheiro da ala terrorista”. “Afinal, não é possível que o primeiro-ministro os envie de volta aos seus países repetidas vezes”, declarou.
Nesta sexta, o Ministério de Relações Exteriores afirmou em um post no X que já deportou quatro cidadãos italianos. A identidade deles não foi divulgada.
“O restante está em processo de deportação. Israel está empenhado em concluir esse procedimento o mais rápido possível”, segue o post, acompanhado de uma foto da sueca Greta Thunberg e outros ativistas detidos. “Todos estão em segurança e com boa saúde.”
Tel Aviv anunciou um dia antes, na quinta, que havia começado as deportações dos detidos para a Europa, sem dar mais detalhes.
A lista de brasileiros inclui o ativista Thiago Ávila, que já havia sido preso em tentativa anterior de chegar a Gaza; a vereadora de Campinas pelo PSOL Mariana Conti; a deputada federal pelo PT Luizianne Lins; e a presidente do PSOL no Rio Grande do Sul, Gabi Tolotti.
O governo brasileiro publicou uma nota em que “condena, nos mais fortes termos, a interceptação ilegal e a detenção arbitrária, por Israel”.
A decisão de barrar a chegada da flotilha abriu uma nova crise diplomática para Tel Aviv, já sob pressão internacional decorrente da guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. Diversos governos condenaram a ação das forças militares israelenses, e pessoas foram às ruas protestar em países como Irlanda, França, Espanha, Itália, Tunísia e Alemanha.
A atual flotilha saiu de Barcelona, na Espanha, no dia 31 de agosto, com cerca de 45 embarcações e ativistas de mais de 45 países.
As últimas tentativas de abrir um corredor humanitário simbólico por mar também foram frustradas pelas forças militares israelenses. Renderam, porém, repercussão midiática e maior visibilidade para o movimento contra o bloqueio.