BELÉM, PA (FOLHAPRESS) – O governo Lula (PT) e a gestão do Pará, do governador Helder Barbalho (MDB), admitiram que parte das obras de saneamento e macrodrenagem em Belém ficará para depois da COP30, a conferência de clima da ONU. A cúpula será realizada em novembro.

Primeiro, técnicos dos governos federal e estadual afirmaram que parte das obras prosseguirão em 2026. Depois, isso foi admitido pelo governador e pelo ministro da Casa Civil da Presidência, Rui Costa (PT).

Na inauguração de um canal em Belém, nesta sexta-feira (3), Barbalho disse, ao lado de Lula e de ministros do governo, que uma parte dos empreendimentos prosseguirá no primeiro semestre de 2026.

Essas obras de macrodrenagem e saneamento, em áreas centrais e na periferia da cidade, foram incluídas num pacote de intervenções voltadas à COP30. A expectativa é de que seriam entregues a tempo do evento.

Lula, em uma espécie de entrevista com ministros e integrantes do governo do Pará, quis saber se o canal União, que estava sendo inaugurado, deixaria de receber esgoto, a partir das intervenções, que contam com financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) —os aportes do banco para essa finalidade são superiores a R$ 1 bilhão.

Barbalho respondeu que isso se dará numa fase posterior. Os kms de canais que passam por macrodrenagem são inferiores ao tamanho da rede de esgoto preparada no pacote de obras.

Em Belém, os dados mais recentes mostram que apenas 2 em cada 10 pessoas têm acesso a coleta de esgoto. O índice de tratamento é ainda menor. Esses dados são anteriores às obras voltadas para a COP30.

A Folha de S.Paulo questionou Lula sobre a falta de conclusão de obras de drenagem e saneamento a tempo da realização da COP30 e sobre a curta rede de coleta de esgoto.

Rui Costa, da Casa Civil, pediu para responder à pergunta, e Lula não deu uma resposta a respeito.

“Olha, me permita responder isso. Uma obra de macrodrenagem dessa dimensão e uma obra de esgotamento nunca poderia ficar pronto dentro do prazo da COP, e isso nunca foi dito”, disse Costa.

“Primeiro, você faz a infraestrutura, a grande infraestrutura de canais e ruas e de tubulação maior que vai recepcionar a rede de esgoto. Depois você vai fazendo adensamento dessa rede”, completou.

O processo é lento, conforme o ministro, “em qualquer lugar do mundo”. “Aqui não tem obra atrasada e o cronograma segue conforme programado.”

Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, falou em seguida. Ele disse que foram anunciados também recursos para universalização do saneamento em Barcarena (PA), cidade que fica a 40 km de Belém.

“O presidente não está fazendo isso só pela COP, também pela COP, mas o compromisso com o povo do Pará vai muito além da COP”, disse Mercadante. Segundo ele, a atual gestão do BNDES financia duas vezes mais o Pará do que o governo anterior.

O Governo do Pará, com financiamento do BNDES, realiza um conjunto de obras para drenagem e infraestrutura de 12 canais em áreas periféricas, dentro do escopo de intervenções previstas para a COP30 em Belém.

Em parte desses canais, como mostrou reportagem recente da Folha de S.Paulo, moradores dizem ter sido excluídos dos projetos e relatam uma ampliação de alagamentos, com o transbordamento do canal, em razão das obras em curso nas áreas adjacentes.