BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Ministério da Justiça e Segurança Pública colocou a estrutura da Polícia Federal à disposição das polícias científicas estaduais e do Distrito Federal para ajudar no trabalho de perícia do metanol.
De acordo com um nota publicada no site da pasta, isso inclui a capacidade técnica de identificar o chamado “DNA do metanol”, que pode dizer se a substância tem origem vegetal ou de combustíveis fósseis.
O órgão afirmou que o Instituto Nacional de Criminalística da PF será responsável pelo que chama de exames avançados de isótopos estáveis, método que permite rastrear a origem do metanol nas amostras contaminadas.
“Esse tipo de análise, considerada de alta complexidade, é crucial para detectar se o material é derivado de fontes naturais ou adulterado com compostos industriais”, diz a pasta.
A Polícia Federal atuará, ainda, como eixo logístico, realizando o transporte de amostras de bebidas suspeitas até laboratórios de referência. Serão disponibilizadas as suas 49 unidades de criminalística como pontos de coleta e entrada para o sistema nacional de resposta pericial.
O ministério também anunciou que fornecerá suporte técnico aos estados para a realização de exames periciais de detecção e quantificação de metanol e que distribuirá padrões analíticos da substância às polícias científicas estaduais.
Além disso, afirmou que capacitará peritos locais em análises químicas de alcoolemia, incluindo a identificação de metabólitos de metanol em amostras biológicas.
“O plano também inclui orientações especializadas para a verificação de embalagens, rótulos e lacres de bebidas suspeitas, além da aplicação de técnicas de epidemiologia forense para georreferenciamento e análise de óbitos ou casos de intoxicação. O objetivo é identificar padrões, estabelecer vínculos de causalidade e aprimorar a resposta investigativa em casos que ameaçam a saúde pública”, acrescenta.
O Ministério da Saúde afirmou nesta quinta-feira (2) que há uma morte por intoxicação por metanol confirmada em laboratório, além de outras sete sob investigação.
A pasta disse que recebeu 59 notificações de possível contaminação pelo produto após consumo de bebida alcoólica em São Paulo, Pernambuco e no Distrito Federal. Há 11 casos confirmados e 48 em análise, números que incluem pacientes que morreram.
Nesta sexta (3) o Governo da Bahia divulgou que foi notificada a primeira morte por suspeita de intoxicação por metanol no estado.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil costuma registrar cerca de 20 casos por ano de intoxicação por metanol, em geral relacionados a tentativas de suicídio ou autoagressão ou de pessoas em situação vulnerável, como moradores de rua, que consomem combustível por causa do teor alcoólico.
O governo federal instalou uma sala de situação para monitorar os casos de intoxicação. A equipe que irá acompanhar o tema será composta por representantes dos ministérios da Saúde, Justiça, Agricultura, além dos conselhos de secretários de saúde dos estados (Conass) e de municípios (Conasems). Anvisa e os governos de São Paulo e Pernambuco também participam das conversas.