Da Redação
O que deveria ser uma oportunidade para aproximar Executivo e Legislativo acabou se transformando em mais um episódio de atrito político em Goiânia. Durante a prestação de contas na Câmara Municipal nesta quinta-feira (2), o prefeito Sandro Mabel (União Brasil) protagonizou momentos de tensão com os vereadores.
Logo ao chegar, o prefeito tentou adotar um tom conciliador, dizendo se sentir “em casa” por já ter atuado mais de duas décadas no Legislativo. Mas o clima amistoso não durou. Ao iniciar sua fala, Mabel pediu desculpas “aos que se sentiram ofendidos” pelas declarações em que chamou os vereadores Cabo Senna (PRD) e Lucas Vergílio (MDB) de “malandrinhos”, após críticas relacionadas à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Apesar da tentativa de apaziguar os ânimos, o prefeito deixou a Câmara assim que concluiu sua apresentação, sem responder aos questionamentos dos parlamentares. A saída abrupta revoltou parte dos vereadores. Lucas Vergílio disparou: “O prefeito falou por mais de uma hora e meia. Não havia nenhum compromisso em sua agenda que justificasse abandonar a Casa no momento mais importante.”
A vereadora Aava Santiago (PSDB) também reagiu com indignação. Para ela, o comportamento do prefeito mostra uma postura de enfrentamento ao Legislativo. “Quando não concorda com as emendas, ele retira projetos. Agora, ao ser cobrado na prestação de contas, simplesmente sai. Isso mina a relação institucional”, declarou.
Diante do episódio, o vereador Coronel Urzêda (PL) anunciou que apresentará um projeto de lei obrigando a permanência do prefeito durante todo o processo de prestação de contas. A proposta deve ser protocolada já na próxima semana.
O presidente da Câmara, Romário Policarpo (PRD), adotou um tom mais cauteloso. Para ele, a saída de Mabel “fugiu da normalidade”, mas lembrou que a parte técnica das contas é de responsabilidade dos secretários. Ainda assim, ressaltou a necessidade de cooperação: “A sociedade quer resultado, não briga política.”
O episódio reforça a escalada de tensões entre a gestão municipal e o parlamento, que pode ganhar novos capítulos nos próximos encontros entre prefeito e vereadores.