SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Concessionárias de rodovias relatam avanços na implantação de novas tecnologias em estradas brasileiras. Além do free flow (pedágio sem parada), que ganhou espaço nos últimos anos, o setor começa a substituir as balanças tradicionais de pesagem de caminhões por um novo modelo que permite a medição com o veículo em alta velocidade.
A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) encerrou no fim de agosto o sandbox regulatório (um ambiente experimental para testar a ferramenta) da balança, chamada de HS-WIM (High-Speed Weigh-in-Motion, algo como “pesagem em movimento de alta velocidade”).
Diferentemente do sistema tradicional, no qual o veículo precisa sair da rodovia e seguir para um pátio para fazer a pesagem, com a HS-WIM o caminhão é pesado em alta velocidade, sem precisar reduzir, durante o tráfego na estrada. A medição do peso é feita por sensores instalados no asfalto, e a leitura da placa é realizada por meio de câmeras implantadas em pórticos (estrutura de metal).
A tecnologia elimina filas para a pesagem e reduz a evasão a zero, já que a medição é feita em todos os caminhões que passam pelos pórticos.
A tecnologia vinha sendo testada há dois anos pela agência nas rodovias BR-364 e BR-365, em Minas Gerais e no Goiás, em parceria com a concessionária Ecovias do Cerrado, da EcoRodovias. De acordo com a companhia, nesse período, o sistema foi responsável por pesar 12 milhões de toneladas. Cerca de 10% dos 480 mil veículos que passaram pelos pórticos estavam com excesso de carga.
Bruno Araujo, gerente de operações rodoviárias da EcoRodovias, diz que as balanças serão incorporadas em projetos futuros. Concessões antigas também farão a substituição gradualmente, segundo ele. A empresa já utiliza a HS-WIM em outras rodovias do Sudeste.
Atualmente, o custo para a instalação de um sistema HS-WIM gira em torno de R$ 10 milhões valor que tende a se reduzir com a expansão da tecnologia, segundo a ANTT. A implantação do PPV (posto de pesagem veicular), a balança tradicional já utilizada nas estradas brasileiras, custa R$ 25 milhões.
Araujo afirma que a substituição pela tecnologia mais recente pode ter impacto no preço do pedágio.
“Por ser mais eficiente, mais barato, com certeza vai ter algum reflexo na tarifa [redução de preço]. Mas também pode ter o inverso, pode-se manter a tarifa e construir mais balanças”, afirma.
Além disso, ele diz que a balança HS-WIM descarta a necessidade de desapropriação para construção do pátio de pesagem.
Eduardo Camargo, CEO da Motiva Rodovias, diz que a substituição das balanças não deve implicar reequilíbrio dos contratos. Segundo ele, como os custos são parecidos, a melhoria deve ficar por conta da concessionária.
“A princípio eu acho que é uma conta de zero a zero. Os custos de operar um sistema e os custos de operar o outro são relativamente equivalentes. Eu não sei te afirmar a transformação de um posto existente num posto novo, qual que é o esforço de custo. Mas eles quase se equilibram.”
Camargo que acredita que em cerca de três anos a Motiva, ex-CCR, deverá estar operando com as balanças de alta velocidade em toda a malha da concessionária.
O setor também avança na implantação do free flow (pedágio sem cancela), outra tecnologia que deve se expandir nos próximos anos. Segundo a Abepam (Associação Brasileira das Empresas de Pagamento Automático para Mobilidade), hoje estradas federais e estaduais em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul já utilizam o sistema free flow. Há previsão de novas operações com o pedágio sem cancela no Paraná, e expansão em São Paulo, de acordo com a entidade.
O modelo é um dos fatores que impulsionaram a base de clientes das empresas de pagamento automático, como Sem Parar e Veloe, nos últimos anos, diz à reportagem o presidente da entidade, André Turquetto.
Atualmente há 15 milhões de tags ativas no país, segundo a associação 3 milhões a mais do que no ano passado. A expectativa da Abepam é de que as empresas alcancem o patamar de 30 milhões em 2028.