SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Explico o que pode acontecer com o salário de quem está na faixa de isenção do IR que ainda precisam de aval do Senado para virarem realidade.
Também aqui: a draga da Ambipar, o primeiro grande negócio do sucessor de Warren Buffet e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (3).
**FORA DA TEMPORADA**
O leitor pode estar se perguntando: por que raios os jornais só falam de Imposto de Renda, quando nem estamos na época de entrega das declarações? A resposta é simples: mudanças estão acontecendo nas regras e você precisa estar atento.
A Câmara dos Deputados aprovou algumas alterações nas normas que regem o recolhimento do IR. Um resumo das alterações:
– Isenção do imposto para quem ganha até R$ 5.000 por mês.
– Descontos para quem ganha de R$ 5.000,01 a R$ 7.350 mensais.
– Alíquota progressiva de 0% a 10% para quem ganha mais de R$ 600 mil anuais (o que dá uns R$ 50 mil mensais).
CAMINHO LIVRE
A proposta precisa de aprovação no Senado para ser sancionada pela presidência, mas, aparentemente, não há grandes empecilhos para isso.
Senadores ouvidos pela Folha de S.Paulo acham que a medida passará rapidamente pela casa, com apoio, inclusive, da oposição ao governo Lula.
“Eu acredito que nós vamos ter um apoio tão grande quanto tivemos na Câmara, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
FAZENDO AS CONTAS
Hora de pegar a calculadora. Cálculos feitos pela Confirp mostram que o trabalhador ganhará até R$ 313 por mês com a nova norma.
Quem recebe R$ 5.000 por mês deixará de pagar R$ 312,89 a partir de 2026. Considerando o 13º, o ganho anual chega a R$ 4.067.
Os cálculos não consideram o desconto do INSS e foram feitos com base na tabela simplificada, segundo a Confirp. Para trabalhadores assalariados que tenham renda acima de R$ 5.697,17, o cálculo com o desconto do INSS será mais vantajoso.
QUEM SAI PERDENDO?
Os tais dos super-ricos. A Receita Federal estima que 141 mil contribuintes que recolhem, em média, uma alíquota efetiva de 2,5% abaixo do que pagam profissionais como policiais (9,8%) e professores (9,6%) serão tributados para financiar a correção da tabela do IR.
IR É POP
A ampliação da isenção foi o assunto mais buscado no Google ao longo do dia superando outros assuntos populares como o reality show A Fazenda e a reta final da novela Vale Tudo.
Sim, mas há quem esteja preocupado com os cofres públicos. A medida pode reduzir a arrecadação do governo em um momento em que não há freio aparente para o crescimento das despesas.
**REBOBINANDO A FITA**
Antes que a semana acabe, é hora de retomar alguns assuntos que abordamos ao longo dos últimos dias na newsletter e que tiveram atualizações.
A DRAGA DA AMBIPAR
O inferno astral da gestora de resíduos ainda não foi embora. Na sexta-feira passada, dia 26 de setembro, falamos sobre a complicação de uma dívida da empresa com o Deutsche Bank que pode terminar em um rombo financeiro de mais de R$ 10 bilhões no caixa da companhia.
A empresa obteve, há uma semana, uma liminar da Justiça do Rio de Janeiro que a protege de execuções de seus credores um indício de possível calote, que minou a confiança de investidores no papel.
Em meio à crise de confiança, a multinacional derreteu 64,43% na Bolsa brasileira. As ações chegaram a entrar em leilão, uma prática comum para tentar segurar a volatilidade das operações na B3. A
VALE TUDO MESMO
Na edição da segunda-feira, dia 29 de setembro, discutimos o sucesso comercial do remake da novela de Gilberto Braga, que está no ar na Globo. A nova versão da trama de 1988 tornou-se o folhetim com maior faturamento da história.
Apuração da Folha de S.Paulo mostra que no dia exato da morte da rainha das vilãs, Odete Roitman, não há mais lugar para nenhum comercial e ainda há gente tentando comprar um espacinho. A exibição está planejada para o dia 6 de outubro, próxima segunda-feira.
Ao todo, mais de 20 marcas garantiram presença nos intervalos e sete trarão campanhas contextualizadas à esperada morte de Odete. Os valores das negociações dependem de cada caso, mas não saem por menos de R$ 10 milhões.
Para o capítulo final, foram vendidas praticamente todas as cotas de publicidade, em ações de merchandising dentro da produção e em comerciais exibidos dentro de seus intervalos.
**BATISMO DE FOGO**
O pupilo de Warren Buffett começa a abrir as asinhas e o mundo dos negócios está de olho. Greg Abel é um investidor experiente, mas ninguém está totalmente preparado para assumir a cadeira daquele que recebeu a alcunha melhor investidor de todos os tempos.
Nesta quinta-feira (2), Abel fez seu maior movimento desde que assumiu a Berkshire Hathaway. Ele concordou em comprar o negócio petroquímico da Occidental Petroleum, a OxyChem, por U$ 9,7 bilhões (R$ 51,8 bilhões). Vamos aos detalhes.
NA LUPA
A Berkshire é a maior acionista da Occidental, uma das maiores produtoras de petróleo e gás dos EUA, com uma participação de 29,6%.
O acordo é o maior da gestora desde a aquisição de US$ 11,6 bilhões (R$ 62 bilhões) do grupo de seguros Alleghany em 2022.
Pode parecer irônico que uma das maiores petroleiras do mundo esteja reduzindo seu investimento em combustíveis fósseis, mas é justamente isso que a Occidental está fazendo e a venda da OxyChem para a Berkshire faz parte desse processo.
PAGANDO O QUE DEVE. OU NÃO?
As ações da Occidental caíram cerca de 17% no último ano, com investidores cautelosos quanto aos níveis de endividamento da empresa.
Ainda que a companhia tenha anunciado que espera usar US$ 6,5 bilhões dos recursos do acordo para reduzir a dívida líquida, as ações da companhia caíram 7,1% nas negociações de ontem em Wall Street após o anúncio.
Isso porque a Berkshire tem um pouco de culpa no cartório pelo tamanho da dívida. Ela apoiou um acordo de US$ 55 bilhões para comprar a rival Anadarko Petroleum em 2019, comprometendo-se a investir US$ 10 bilhões para financiar o negócio.
Essa transação aumentou as dívidas da Occidental, que cresceram ainda mais com a aquisição da CrownRock, produtora de petróleo de xisto, em 2023.
Sim, mas o negócio pode ser bom para a gestora chefiada por Abel transforma a Berkshire Hathaway em uma potência petroquímica. Ela já possuía o grupo químico Lubrizol e, com a aquisição, pode rivalizar outros independentes como Dow Chemical e LyondellBasell.
**PARA VER**
House of Guinness
Netflix, uma temporada, oito episódios.
A famosa Guinness, cerveja escura e amarga, ficou conhecida por separar o joio do trigo: mostrar quem tem bom gosto para o suco de cevada e quem não tem.
A série, que acaba de estrear na Netflix, mostra que a história da família que fundou a cervejaria Guinness é tão densa quando a bebida que inventou muito drama e trapaça na Inglaterra oitocentista, no melhor estilo Downtown Abbey.
A trama começa com a morte do patriarca, neto do fundador da companhia, Benjamin Guinness calma, leitor, isso não é um spoiler: o primeiro episódio se passa no funeral do empresário. Ele foi o responsável por transformar a pequena cervejaria do avô na capital irlandesa, Dublin, em uma das maiores do mundo.
Ao longo dos episódios, os quatro filhos deixados por Benjamin brigam pela chefia da companhia e pelo espólio da família. O cenário político irlandês da época piora a tensão, com um afastamento da elite próspera protestante do consumo de bebidas.
Falando em redução do consumo de bebidas alcoólicas, sabia que o comportamento não é coisa só dos anos 1800? As vendas de cervejas sem álcool e variantes disparou no Brasil nos últimos anos. Entenda melhor essa história.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Pera aí. A Rumo foi multada pela ANTT por remover trilhos de ferrovia Rumo Malha Oeste, que deveria manter.
Salário mínimo. Elon Musk havia planejado receber US$ 1 trilhão da Tesla. Investidores e autoridades não gostaram muito da ideia.
Sonhos intranquilos. Um edital feito pelo governo brasileiro que estabelece uma política para a exploração de terras raras não foi tão bem recebido quanto o esperado. Ele foi elaborado em Washington e financiado pela UE.