BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), desencadeou uma operação emergencial em todo o país, em busca de uma varredura sobre a origem dos casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas.

Apesar das ações se concentrarem no estado de São Paulo, onde ocorreram a maior parte das internações e mortes até o momento, a mobilização tem alcance nacional e já chegou a diversos órgãos de fiscalização e controle, para que prestem informações detalhadas nas próximas 48 horas.

O trabalho também conta com o apoio da Polícia Civil, encarregada das investigações criminais, e do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), órgão federal que fiscaliza a produção, rotulagem e padronização de bebidas no Brasil.

Conforme informações obtidas pela reportagem, a lista de associações regionais e nacionais que já foram acionadas nesta quinta-feira (2) inclui a Abad (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), ABBD (Associação Brasileira de Bebidas Destiladas), a ABBA (Associação Brasileira dos Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas) e a Afabbra (Associação dos Fabricantes de Bebidas do Brasil).

Além destas, foram oficiadas, ainda, entidades estaduais, como a Assodibes (Associação dos Distribuidores de Bebidas do Sudeste), o Sincades (Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Espírito Santo), a Adapa (Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Pará), a Adarr (Associação dos Distribuidores e Atacadistas de Roraima) e o Sicapr (Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Paraná).

Todos foram provocados para enviar listas de estabelecimentos suspeitos, fornecedores ligados a esses estabelecimentos e quaisquer informações adicionais que possam auxiliar nas investigações.

Em outra frente, a Senacon também enviou notificações diretas a distribuidoras e supermercados, sendo a maior parte deles de São Paulo.

Para tentar montar um raio-x da cadeia de bebidas, o Ministério da Justiça pediu detalhes de informações sobre fornecedores e a relação de todas as bebidas destiladas.

Essas empresas foram obrigadas a fornecer planilhas com marcas e variedades de bebidas adquiridas nos últimos três meses, quantidades comercializadas, nomes e contatos dos fornecedores, notas fiscais correspondentes, informações sobre estoques, locais de armazenamento, condições de segurança, nomes dos funcionários que receberam e manipularam os produtos e detalhes sobre a forma de comercialização, descrevendo se vende apenas em embalagens lacradas, em doses ou em combinações.

Além das grandes distribuidoras, ao menos sete bares e restaurantes também foram incluídos na investigação, a maior parte deles em São Paulo.

O que se pretende é cobrir, no menor tempo possível, toda a cadeia de fornecimento, desde grandes atacadistas e supermercados até bares de bairro, mercearias e restaurantes.

O caso, que passou a ser tratado como risco sanitário coletivo, levou à abertura de uma averiguação preliminar para investigar adulterações, rastrear fornecedores e responsabilizar os envolvidos.

O Ministério da Saúde afirmou nesta quinta-feira (2) que há uma morte por intoxicação por metanol confirmada em laboratório, além de outras sete sob investigação.

A pasta disse que recebeu 59 notificações de possível contaminação pelo produto após consumo de bebida alcoólica em São Paulo, Pernambuco e no Distrito Federal. Há 11 casos confirmados e 48 em análise, números que incluem pacientes que morreram.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil costuma registrar cerca de 20 casos por ano de intoxicação por metanol, em geral relacionados a tentativas de suicídio ou autoagressão ou de pessoas em situação vulnerável, como moradores de rua, que consomem combustível por causa do teor alcoólico.

O governo federal instalou uma sala de situação para monitorar os casos de intoxicação. A equipe que irá acompanhar o tema será composta por representantes dos ministérios da Saúde, Justiça, Agricultura, além dos conselhos de secretários de saúde dos estados (Conass) e de municípios (Conasems). Anvisa e os governos de São Paulo e Pernambuco também participam das conversas.