SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Instituto Butantan, na zona oeste de São Paulo, deverá assumir o laboratório farmacêutico público oficial do Estado de São Paulo Furp (Fundação para o Remédio Popular) “Chopin Tavares de Lima”. O projeto de lei que trata da transição será encaminhado pelo governo do estado à Assembleia Legislativa de São Paulo nesta sexta-feira (2).

Segundo o diretor do instituto, Esper Kallás, no novo modelo, os colaboradores da atual Furp –inclusive os comissionados– serão mantidos e a produção do portfólio do laboratório também continuará.

“É claro que você vai ter que ter uma atenção diferenciada para a Furp porque a finalidade é diferente. Produção de medicamentos é uma coisa que não fazemos no Butantan. A Furp faz. E a intenção é a gente aportar as condições para a Furp voltar a aumentar a produção, o portfólio de produtos e atender as demandas da Secretaria da Saúde e do Ministério da Saúde”, explica o diretor.

“Tem um trâmite burocrático que vai ser a extinção da Furp e a cessão de todo o patrimônio dos bens da Furp para o Instituto Butantan. Estamos terminando de estruturar um plano para fazer da forma mais tranquila possível. A Furp não vai parar de trabalhar”, afirma Esper.

A incorporação da Furp pelo Butantan já havia sido adiantada à Folha pelo secretário Estadual da Saúde, Eleuses Paiva, e pelo próprio Kallás, em abril e maio, respectivamente.

Com unidades em Guarulhos e Américo Brasiliense, em São Paulo, atualmente a Furp produz cerca de 400 milhões de unidades farmacêuticas por ano, mas dispõe de capacidade instalada para alcançar até 1 bilhão de unidades anuais. Seu portfólio inclui 40 medicamentos registrados na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vinculados a diferentes áreas terapêuticas, como HIV/Aids, saúde mental, Alzheimer, antibióticos e imunossupressores. No futuro, a Furp pretende ampliar sua atuação para oncologia e doenças raras.

Já o Instituto Butantan produz as vacinas da gripe (Influenza), hepatite A e B, HPV, raiva e DTPa, 12 tipos de soros e anticorpos monoclonais, como o Adalimumabe.

Há pelo menos dois anos, a Secretaria de Estado da Saúde e as duas instituições vinham estudando a incorporação. A conclusão foi que o processo só agregaria melhorias.

Segundo Kallás, duas instituições estaduais destinadas ao aparelho de saúde do estado para trabalharem juntas evita a duplicidade que existe entre as duas, fortalece ambas, trazendo o lado bom de cada uma.

“Traz mais da agilidade que o Instituto Butantan tem, junto com a Fundação Butantan, de gerenciar a estrutura. O status da Fundação da Furb tem um pouco mais de dificuldade de conduzir os processos administrativos. Nesse caso, a gente acrescenta flexibilidade na gerência da instituição.”

“Finalmente, preenchemos uma cadeia de cuidado que vai desde o processo da prevenção de doenças até o alívio de sintomas e o tratamento na hora que incorporamos a produção de medicamentos no Instituto Butantan junto com o que já fazemos, que é a produção de vacinas, de soros, de anticorpos monoclonais e terapias avançadas”, diz o diretor.

A fusão permitirá criar um mecanismo que estabeleça uma capacidade de resposta rápida à necessidade do estado de São Paulo e do Ministério da Saúde via SUS (Sistema Único de Saúde) para enfrentar problemas crônicos de saúde pública e para situações de surtos, epidemias ou pandemias.