BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Ministério da Saúde afirmou nesta quinta-feira (2) que há uma morte por intoxicação por metanol confirmada em laboratório, além de outras sete sob investigação.

A pasta disse que recebeu 59 notificações de possível contaminação pelo produto após consumo de bebida alcoólica em São Paulo, Pernambuco e no Distrito Federal. Há 11 casos confirmados e 48 em análise, números que incluem pacientes que morreram.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse inicialmente que um caso do DF havia sido confirmado em laboratório, mas depois recuou. Minutos depois do fim da entrevista do ministro à imprensa, a assessoria da Saúde disse que o caso é tratado clinicamente como de contaminação por metanol, mas sem a confirmação laboratorial.

“Como a equipe do Ministério da Saúde acompanha diretamente conduta clínica, tem a confirmação que foi feita detecção do metanol”, disse Padilha, antes da correção feita pelo próprio ministério.

Padilha não confirmou o nome, mas nesta quinta o rapper Hungria foi hospitalizado em Brasília por se sentir mal após consumir bebidas alcoólicas supostamente adulteradas. A suspeita é que ele tenha ingerido metanol. Há uma investigação em andamento para essa confirmação.

De acordo com o mais recente boletim médico, o artista deu entrada no Hospital DF Star nesta quinta-feira (2) com o quadro de cefaleia, náuseas, vômitos, visão turva e acidose metabólica. O cantor agora fará hemodiálise e será submetido a tratamento com etanol.

Segundo sua equipe, ele está sendo acompanhado pelos médicos e já está fora de risco iminente. Devido à hospitalização, o artista, que tem mais de 12 milhões de seguidores, precisou cancelar os próximos shows que faria até o próximo final de semana.

As notificações de supostas intoxicações são recebidas e avaliadas pelo Cievs (Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde). O órgão só considera o caso confirmado após a análise laboratorial, segundo o ministério.

A morte com confirmação em laboratório foi registrada na capital paulista. Entre as sete em investigação, três ocorreram na cidade de São Paulo, duas em São Bernardo do Campo e duas em Pernambuco, nas cidades de João Alfredo e Lajedo.

O ministro Padilha disse que hospitais universitários farão uma compra imediata de 4.300 ampolas de etanol farmacêutico, produto que tem sido utilizado nos tratamentos. O ministério ainda prepara uma compra de 5.000 tratamentos para intoxicações, que podem envolver cerca de 30 ampolas cada um, segundo a pasta.

O governo ainda tentará importar o fomepizol, que é outro antídoto para quem se intoxica por metanol. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou que irá publicar um edital de chamamento internacional para identificar fabricantes e distribuidores do produto, que não tem ainda registro para comercialização no Brasil.

Com o crescente registro de casos de intoxicações por metanol, médicos estão recomendando que as pessoas evitem consumir bebidas alcoólicas neste momento.

O governo federal instalou uma sala de situação para monitorar os casos de intoxicação. A equipe que irá acompanhar o tema será composta por representantes dos ministérios da Saúde, Justiça, Agricultura, além dos conselhos de secretários de saúde dos estados (Conass) e de municípios (Conasems). Anvisa e os governos de São Paulo e Pernambuco também participam das conversas.

A Polícia Civil e a Vigilância Sanitária fizeram nesta quarta-feira (1º) uma nova operação de fiscalização em quatro estabelecimentos comerciais de São Paulo suspeitos de vender bebida alcoólica contaminada com metanol.

O Ministério da Saúde também enviou na terça-feira (30) uma nota técnica a estados e municípios orientando a notificarem imediatamente todas as suspeitas de intoxicação.