(FOLHAPRESS) – Há restaurantes que parecem parar no tempo. Lugares que você revisita anos depois e encontra exatamente do mesmo jeito, com os mesmos aromas no ar e os antigos pratos resistindo no cardápio. E, a depender do que você está buscando, isso pode ser uma qualidade. Dá uma sensação de acolhimento, de permanência.

O Des Cucina, apesar de não ser um restaurante antigo, se enquadra nessa categoria, de casas estáveis. O menu, ainda que varie um ou outro item novo, segue apostando no comfort food em pratos fartos e individuais.

Num momento em que cada vez mais endereços da cidade apostam nas porções para compartilhar, o local segue como porto seguro para momentos em que o que se busca é só uma refeição agradável, sem grandes aventuras pelos meandros de receitas autorais.

Como costuma acontecer em casas do tipo, o forte são os principais. Mas, antes de chegar a eles, a entrada. Provamos o steak tartare (R$ 64). O preparo deixa de lado a sofisticação que o prato permite e aposta na fartura de condimentos, com carne picada ao máximo. Além das torradinhas, vem acompanhado de cebola empanada, que não orna com o restante, e mais parece uma entrada à parte.

Na sequência, um dos pratos provados foi o risoto de ossobuco (R$ 92). Chegou farto, al dente, graciosamente espalhado pelo prato e bem untuoso. O radicchio cru picado em cima não colabora com a estética, mas funciona bem ao agregar crocância, amargor e alguma leveza a um prato bastante denso.

Outro risoto saboroso é o de pato selvagem com toque de laranja e pimenta fresca (R$ 102). Estes são os risotos mais baratos do cardápio. Os outros têm valores mais salgados, chegando a R$ 224 pelo de frutos do mar grelhados.

De qualquer forma, o que a cozinha do chef Sergio França tem de melhor são as massas recheadas. Caso do fagotelle de queijo pecorino (R$ 78). O sabor remete ao carbonara. Só que com a gema misturada ao queijo dentro da massa, num recheio suave. No lugar do molho cremoso do carbonara, um caldo rico em umami, à base de cebola caramelizada, com pancetta e abobrinha.

Das massas provadas em outras ocasiões, destaque para o ravióli recheado com queijo mascarpone (R$ 79). Um toque de laranja, a combinação certeira com o molho de manteiga e sálvia, e o contraste de texturas com o pistache torrado agradam quem busca um prato reconfortante e equilibrado.

De sobremesa, pedimos o petit gateau de goiaba com sorvete de queijo (R$ 38). Faz salivar quando você dá a primeira colherada, com o creme de goiaba explodindo e depois se derramando. Mas o interior da massa estava fora do ponto. Mais para cru do que para cremosa. No sorvete, cristais de gelo indicavam que talvez não estivesse tão fresco.

O ambiente, com toalhas brancas e decoração sóbria, transita entre o formal e o festivo. No almoço de domingo as mesas são tomadas por famílias do bairro. Pelo relacionamento com os garçons, sempre prontos a tapinhas nas costas e até abraços, dá para ver que há muitos clientes antigos. Prova de que o lugar agrada. Com uma repaginada nas entradas e nas sobremesas poderia atrair gente de fora também. Sem perder o aconchego.

DES CUCINA

Avaliação Bom

Onde R. Desembargador do Vale, 233, Pompeia, região oeste. @descucina