SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O advogado Luiz Fernando Pacheco, 51, foi encontrado morto na manhã desta quinta-feira (2), no bairro de Higienópolis, região nobre da cidade de São Paulo.
Pacheco estava desacordado em uma rua do bairro. Uma testemunha que estava no local disse aos PMs que “viu um homem passando mal, convulsionando e com dificuldade de respirar”.
O advogado foi levado de ambulância ao Pronto-Socorro da Santa Casa, mas não resistiu. As circunstâncias da morte ainda estão sendo investigadas pela polícia.
Vítima foi encontrada sem os documentos. A sua identificação só foi possível após a realização do exame papiloscópico.
Família tinha registro um boletim de ocorrência por desaparecimento no dia 30 de setembro. O óbito foi registrado como morte súbita pelo 78º DP.
CONHECIDO POR SUA ATUAÇÃO EM CASOS DE REPERCUSSÃO NACIONAL
Luiz Fernando Pacheco atuava na área criminalista há mais de 20 anos. Ele iniciou sua carreira em 1994, no escritório de Márcio Thomaz Bastos.
Pacheco se formou em direito pela Universidade Mackenzie em 1996. Fez o curso de especialização em direito penal econômico e europeu, ministrado pelo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, Instituto de Direito Penal Econômico e Europeu e Universidade de Coimbra.
Atuou no mensalão, um escândalo de corrupção que estourou no governo de Lula (PT), em 2005. O advogado defendeu José Genoino, ex-presidente do PT, condenado por corrupção após ser acusado pelo Ministério Público Federal de atuar na distribuição de dinheiro a parlamentares com a finalidade de conseguir apoio político para formar a base de sustentação do governo federal. Na época, Pacheco defendia a tese de que o mensalão não havia existido.
Em 2013, fundou o escritório que leva seu nome. O escritório é especializado em direito penal. “Até o ano de 2013, militou ao lado de grandes nomes da advocacia, tais como: Sônia Cochrane Ráo, Dora Cavalcanti, Sandra Pires, Camila Nogueira Gusmão Medeiros, Ana Lúcia Penón e Marina Chaves Alves”, diz trecho de texto no site.
O advogado renunciou ao cargo de presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-SP, em 2024. Pacheco deixou o cargo uma semana após ter postado uma mensagem que foi acusada de ser racista contra um colega.
Ele também foi membro do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas do governo federal. Além disso, o advogado era vice-presidente do Conselho Deliberativo do Instituto de Defesa do Direito de Defesa.
PACHECO CONSTRUIU SUA CARREIRA DEFENDENDO AS PRERROGATIVAS DA ADVOCACIA, DIZ OAB-SP
A OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo lamentou a morte do advogado. Em nota, a instituição ofereceu solidariedade aos familiares e decretou luto oficial por três dias.
Presidente da OAB-SP, Leonardo Sica, afirmou que a advocacia perdeu um ótimo profissional. “Perdemos um amigo ímpar e um guerreiro do bem. A Ordem está em luto e o melhor que faremos é seguir honrando a luta pelo direito de defesa e das prerrogativas da advocacia, causas que ele abraçou com paixão e ética”, afirmou Leonardo Sica.
Em 2015, Pacheco iniciou a sua atuação nas comissões temáticas da secional paulista. Ficou como membro efetivo da Comissão de Direito Penal e Econômico até 2018. No ano de 2019, foi nomeado membro efetivo da Primeira Turma Julgadora do Conselho de Prerrogativas, enquanto também passou a atuar como conselheiro estadual da OAB-SP.
“Ao longo de mais de 30 anos de carreira, o criminalista Luiz Fernando Pacheco marcou a advocacia por sua atuação sempre muito firme na defesa de direitos da advocacia e de toda a sociedade, sem se intimidar com medidas ou decisões monocráticas dos Tribunais Superiores”, disse a OAB-SP, em nota.