Da Redação

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (1º), por unanimidade, o projeto que reformula a tabela do Imposto de Renda. A proposta amplia a faixa de isenção para quem recebe até R$ 5 mil por mês e garante desconto para rendas de até R$ 7.350. O texto segue agora para o Senado antes de ir à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A mudança é considerada uma das principais promessas de campanha de Lula em 2022. Atualmente, só quem ganha até R$ 3.036 está isento. Com a nova regra, válida a partir de 2026, cerca de 26,6 milhões de brasileiros deixarão de pagar o imposto.

O relator do projeto, Arthur Lira (PP-AL), destacou que a medida terá impacto direto em mais de 15 milhões de pessoas. Ele também estimou que, até 2027, a taxação dos mais ricos deve gerar uma arrecadação extra de R$ 12,7 bilhões.

Para compensar a renúncia fiscal, estimada em R$ 25,8 bilhões por ano, o governo incluiu uma cobrança sobre rendimentos acima de R$ 600 mil anuais. A alíquota será progressiva, chegando a 10% para quem ganha mais de R$ 1,2 milhão por ano. Essa nova tributação deve atingir cerca de 140 mil contribuintes — apenas 0,13% do total.

Parlamentares da base governista comemoraram a aprovação como um passo em direção à chamada “justiça tributária”. O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que a medida corrige distorções históricas e aumenta o poder de consumo da classe média. Já Fernanda Melchionna (PSOL-RS) destacou o peso político da decisão após as manifestações de setembro contra propostas polêmicas como a PEC da Blindagem.

A oposição, por outro lado, acusou o governo de populismo. Gilson Marques (Novo-SC) argumentou que a cobrança sobre lucros e dividendos não beneficiará os mais pobres, e sim o Estado. Bibo Nunes (PL-RS) chamou a medida de “clientelista”, e Luiz Carlos Hauly (Pode-PR) afirmou que a proposta não resolve o problema estrutural da carga tributária sobre a população de baixa renda.

Agora, caberá ao Senado decidir se o texto segue para a sanção presidencial. Se aprovado sem mudanças, o reajuste da tabela do Imposto de Renda começará a valer a partir de 2026.