SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Advogado da família de Alícia Valentina, a menina de 11 anos que morreu após ser agredida na escola, Pedro Eurico Barros considera lastimável que um pré-adolescente tenha causado a morte de uma colega porque não queria ficar com ele.
O caso aconteceu em Belém de São Francisco, no interior de Pernambuco.
A garota foi agredida por um colega dentro da unidade em 3 de setembro e morreu quatro dias depois em um hospital do Recife. De acordo com o laudo, a causa da morte foi traumatismo craniano produzido por instrumentos contundentes.
“Isso é um reflexo de um ambiente de ódio e radicalização que vivemos no país inteiro”, diz Barros. Ele afirma que a família da jovem, que vive em Belém de São Francisco, busca agora por esclarecimentos do episódio.
Entre os questionamentos está o fato de a escola não ter tido controle sobre a situação. Além disso, a família também quer entender a atuação do hospital da cidade. Parentes dizem que, no primeiro atendimento, a jovem foi liberada após medicação.
A versão é contestada pela direção da unidade de saúde, que afirma que a mãe e a família deixaram o local sem alta médica.
Familiares dizem que ela voltou para casa do hospital ainda passando mal e o quadro só piorou ao longo do dia. Ela voltou então ao posto de saúde com a mãe e depois reencaminhada ao hospital. Lá, a menina chegou inconsciente e foi transferida para Salgueiro, cidade que possui possibilidade de realizar exame de imagem. Do município, que fica a 80 quilômetros de Belém de São Francisco, ela foi encaminhada a Recife uma trajeto de mais de 450 quilômetros.
“Na capital, ela já chegou praticamente morta”, diz o advogado. “Essa atuação, por negligência ou por falta de condições tem que ser esclarecida ”
A Polícia Civil de Pernambuco apreendeu o colega suspeito de ter feito a agressão, que tem menos de 18 anos. O inquérito foi finalizado e encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco.
A Promotoria pernambucana diz que, com base no inquérito policial, tomou todas as providências cabíveis. O processo já se encontra em regular trâmite perante o Poder Judiciário de Belém de São Francisco.
O caso está em segredo de justiça e o MP-PE explica que não pode divulgar mais informações, uma vez que a investigação envolve menores de 18 anos.
Além disso, um procedimento administrativo contra a diretora e vice-diretora da Escola Municipal Tia Zita, onde Alícia estudava, foi aberto pela prefeitura de Belém de São Francisco. A informação foi publicada no Diário Oficial, mas não há detalhes se tem ligação com a morte da aluna.
A prefeitura foi procurada para comentar o caso, mas não retornou até a publicação desta reportagem. Em nota divulgada após a morte de Alícia, a gestão municipal afirma que prestou “toda a assistência necessária à família” desde os primeiros momentos e que não houve omissão por parte do poder público.
O comunicado disse ainda que “não houve negligência médica ou alta hospitalar pelos profissionais da saúde que realizaram o atendimento da menor Alícia Valentina no hospital do município Dr. José Alventino Lima” e que a estudante teria sido levada para casa pela mãe “sem autorização da médica plantonista”.