SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Países estrangeiros reagiram nesta quinta-feira (2) à interceptação de cerca de 40 barcos da flotilha com ajuda humanitária para Gaza.
Espanha convocou encarregada de negócios de Israel para conversa. O ministro de Exteriores do país, José Manuel Albares, declarou ao canal TVE que vai conversar com Dana Erlich para informar que os cidadãos detidos “não representavam nenhuma ameaça a Israel nem a ninguém”.
Presidente da África do Sul chama bloqueio de “grave ofensa” e pede libertação de cidadãos – incluindo o neto de Nelson Mandela. Nkosi Zwelivelile Mandela é um dos ativistas que foi detido na flotilha. “Minha expectativa é de que Israel liberte os ativistas de direitos humanos. Esses raptos não têm propósito no contexto dos esforços para assegurar a paz no Oriente Médio”, afirmou Cyril Ramaphosa.
Reino Unido diz que está “muito preocupado” com a situação e menciona “crise humanitária horrível”. “Os insumos carregados pela flotilha deveriam ser entregues a organizações em terra para serem distribuídos com segurança em Gaza. É responsabilidade do governo de Israel resolver essa crise humanitária terrível”, afirmou o escritório das Relações Exteriores.
Austrália afirmou que está ciente da detenção de ativistas e pediu “respeito às leis internacionais”. Em comunicado, o país disse que quer se “certificar que a segurança e o tratamento humano dos envolvidos será respeitado”.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou que o país “vai fazer o necessário” para trazer seus cidadãos de volta. Ela, porém, criticou a ação da flotilha e disse que a ação dos ativistas “não traz benefício ao povo palestino”. Segundo o ministro das Relações Exteriores do país, 22 cidadãos foram detidos e nenhum deles está ferido.
O Brasil, que teve ao menos 10 detidos durante a interceptação, afirmou que acompanha a interceptação com preocupação. Thiago Ávila, que já foi preso em outra flotilha, e a deputada federal Luzianne Lins (PT-CE) estão entre os ativistas interceptados.
O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica. No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas.Itamaraty, em nota
Maioria dos barcos foi interceptada, mas quatro embarcações seguem para o enclave, segundo monitor da flotilha. Uma delas, a Mikeno, foi a primeira a atingir águas palestinas. Além dela, seguem com navegação ativa os barcos Marinette; Shireen e Summertime-Jong, que são “barcos de jurídico”, carregando advogados.
FLOTILHA SAIU DE BARCELONA EM SETEMBRO
A Flotilha Global Sumud (palavra que significa “resiliência” em árabe) saiu de Barcelona no começo de setembro. Ela conta com 40 barcos com centenas de militantes pró-palestinos procedentes de mais de 40 países. Depois de partir da Espanha, a flotilha parou por 10 dias na Tunísia antes de retomar a viagem em 15 de setembro.
Há 15 brasileiros nas embarcações que rumaram a Gaza, incluindo o ativista Thiago Ávila, que foi preso em outra flotilha. Também estão rumo a Gaza: Lucas Gusmão, Mohamed El Kadri e João Aguiar, ativistas de grupos pró-palestina; Mariana Conti, vereadora do PSOL em Campinas e Gabriele Tolotti, presidente estadual do PSOL; Luizianne Lins, deputada do PT; Ariadne Telles, Bruno Gilga e Magno Carvalho Costa, militantes; Mansur Peixoto, pesquisador; Carina Faggiani e Nicolas Calabrese, professores e Lisiane Proença, agitadora cultural, e o jornalista Hassan Massoud.
A ativista sueca Greta Thunberg, a eurodeputada franco-palestina Rima Hassan e a ex-prefeita de Barcelona Ada Colau também fazem parte da missão. Greta também já esteve em uma flotilha anterior, que foi parada pelas forças israelenses antes de chegar ao enclave.
Intuito da viagem, segundo os ativistas, é “romper o bloqueio a Gaza” e fornecer “ajuda humanitária a uma população sitiada, que enfrenta fome e genocídio”. Mais de 400 pessoas morreram de fome em Gaza desde o início da guerra, a maioria delas neste ano, após dois meses de impedimento total da entrada de ajuda humanitária na região.