SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Preocupadas com o impacto das intoxicações por metanol, entidades ligadas a bares, restaurantes e indústria de bebidas iniciaram nessa quarta-feira (1º) uma série de cursos gratuitos e online para ensinar os donos de estabelecimentos a identificarem produtos falsificados.
As aulas são oferecidas em uma parceria entre a ABBD (Associação Brasileira de Bebidas Destiladas) que reúne gigantes da indústria como Diageo, dona das marcas Johnnie Walker e Smirnoff, e Pernod Ricard, que tem Absolut e Chivas Regal no portfólio, a Abrasel (Associação de Bares e Restaurantes) e a Abrabe, outra associação do setor.
Segundo Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, a entidade convidou seus mais de 26 mil associados para participarem dos cursos e enviou comunicado a um cadastro com 119 mil empresas.
Os cursos se repetirão por tempo indeterminado em três sessões diárias, sempre às 14h, às 16h e às 18h, enquanto houver demanda. Da primeira apresentação, nesta quarta, participaram cerca de 2.000 pessoas, segundo os organizadores.
“Assumimos a responsabilidade de orientar os estabelecimentos do setor sobre como agir em casos suspeitos, reforçando que a prevenção começa com informação correta, boas práticas e atenção aos sinais de adulteração”, afirma Solmucci.
A apresentação alerta sobre aspectos das garrafas, das tampas e dos rótulos, apontando os sinais suspeitos.
No caso das tampas, o dono de bar é orientado a observar a distância entre a tampa e o gargalo, além da qualidade da impressão. Os produtos falsificados costumam ter lacres plásticos com perfurações do picote na posição vertical.
Já as garrafas devem estar em boa qualidade, sem arranhões ou sujeira, exceto no caso de produtos com cadeias retornáveis, como cachaças e cervejas.
Os rótulos, por sua vez, se forem legítimos, costumam ter relevo e impressões com muitos detalhes difíceis de serem copiados. No contrarrótulo, é importante que as informações estejam grafadas corretamente e em português, mesmo nos produtos importados, o que indica nacionalização regular.
Outro método de verificação é a análise do selo IPI presente nas bebidas importadas. O selo é feito em papel moeda e com holografia nas letras da Receita Federal.
Também é recomendável observar a quantidade de líquido nas garrafas, já que a indústria original não envasa volumes diferentes entre os recipientes. A cor do líquido também deve estar idêntica em todas as garrafas. Bebidas destiladas como vodca, gim, cachaça e uísque não possuem impurezas, sujidades ou corpos estranhos, porque o processo de filtragem elimina qualquer resíduo.
O curso incentiva os donos de bares e restaurante a desconfiarem de fornecedores que oferecem preços muito baixos. A aula também explica que a precificação das bebidas não costuma variar bruscamente devido ao pagamento de tributos, que representam parcela importante do valor do produto.
A orientação é comprar sempre de canais de distribuição homologados e com nota fiscal, rejeitando revendedores de produtos que seriam mais baratos devido a algum benefício fiscal de outro estado.
Entre os alertas, a aula destaca a importância do descarte correto, já que o mercado ilegal costuma interceptar garrafas originais usadas e reaproveitá-las para envasar suas bebidas falsificadas, ou seja, cada estabelecimento precisa ter uma política de destinação adequada.
A dica é quebrar as garrafas ou danificar o rótulo após o uso e sempre descartá-las separadas das tampas para dificultar a ação da pirataria.