WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O governo Donald Trump reforçou nesta quarta-feira (1º) a tática de responsabilizar os democratas pelo shutdown histórico (apagão econômico) que afeta o governo e paralisa serviços federais.
O governo americano começou a fechar suas operações na madrugada desta quarta-feira (1º), depois que o Congresso e o presidente não aprovaram o financiamento federal por falta de acordo.
A última paralisação do tipo ocorreu há quase sete anos, durante o último governo Trump, e durou 35 dias. As motivações, porém, são diferentes. Naquela época, o Partido Democrata se recusava a financiar o muro na fronteira entre México e EUA proposto por Trump.
Agora, os democratas discordam da ideia da gestão federal sobre gastos com a saúde. Eles querem renovar benefícios expandidos durante a pandemia que irão vencer no final do ano. Exigem ainda que sejam revertidos cortes feitos no programa Medicaid, destinado à população mais pobre e com deficiência física.
O site da Casa Branca traz na sua abertura uma tarja vermelha que leva a um vídeo com falas de democratas a respeito do shutdown. Na sala de imprensa da sede do trabalho presidencial, os vídeos também estão sendo repassados num telão.
Algumas atividades simples da Casa Branca, como a emissão de credenciamentos diários para jornalistas, foram suspensas.
Trump também está ameaçando demitir funcionários federais, numa situação que pressiona tanto republicanos como democratas.
Outras agências federais se posicionaram politicamente na paralisação, destoando de tom usado nas últimas vezes em que isso ocorreu.
Reportagem do New York Times mostrou que departamentos como o de Habitação, Assuntos de Veteranos e a Agência de Proteção Ambiental emitiram comunicados responsabilizando diretamente os democratas e a chamada “esquerda radical” pelo bloqueio orçamentário.
A linguagem ecoa as críticas de Trump, que atribui o fechamento do governo a seus adversários políticos. Ao jornal, especialistas consideram essa postura uma quebra do protocolo institucional e alertam para a crescente politização de órgãos públicos tradicionalmente neutros.
Com o prolongamento do impasse, cresce o temor de que os prejuízos se intensifiquem. Além do impacto financeiro direto e da interrupção de serviços essenciais, há riscos para a economia em geral e para a confiança da população nas instituições governamentais.
Nesta quarta, uma nova tentativa de votar o Orçamento federal fracassou. Serviços do governo federal passaram a ser paralisados a partir da 0h desta quarta.
Cerca de 750 mil servidores federais foram afastados de seus cargos sem remuneração, com um custo diário estimado de US$ 400 milhões aos cofres públicos.
Segundo levantamento do Washington Post, quase 90% dos servidores do Departamento de Educação foram colocados em licença não remunerada, assim como 80% do Departamento de Comércio, 75% do Departamento do Trabalho e dois terços do Departamento de Estado.
A paralisação de órgãos inteiros também levou ao adiamento da divulgação do Relatório de Emprego de setembro, que seria publicado nesta sexta-feira. A suspensão foi anunciada pelo Departamento do Trabalho, que informou que o Bureau of Labor Statistics interrompeu completamente suas operações durante o período do shutdown.
Nos parques nacionais, a orientação é manter o acesso a trilhas, estradas e áreas ao ar livre, enquanto instalações fechadas por portas ou portões, como museus e centros de visitantes, permanecem inacessíveis ao público.
Parte relevante da máquina pública foi interrompida, como o programa que oferece assistência alimentar a mulheres, bebês e crianças de baixa renda.
Também foram suspensos serviços de cuidados domiciliares e de telemedicina oferecidos por meio do Medicare, além de alguns atendimentos prestados a veteranos de guerra.
O funcionamento da Previdência Social está mantido, mas com restrições: embora os pagamentos continuem a ser feitos, cerca de 88% dos funcionários estão trabalhando sem receber salários. O mesmo ocorre com 96% do efetivo do Departamento de Assuntos de Veteranos.