BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Em uma assembleia conturbada, o síndico interino do edifício JK, em Belo Horizonte, assumiu de forma definitiva a gestão do icônico conjunto projetado por Oscar Niemeyer no centro da capital mineira.

Manuel Gonçalves de Freitas Neto foi o único a constituir chapa e substitui Maria Lima das Graças, 78, que se afastou por razões de saúde do condomínio que administrou por mais de 40 anos, em uma gestão cercada de polêmicas.

O novo síndico atua no prédio há 20 anos e manteve a estratégia da sua antecessora, de apresentar uma quantidade de procurações superior ao número de condôminos presentes na assembleia.

Os críticos, que já haviam reclamado do prazo de menos de dez dias para a formação da assembleia, questionaram a quantidade de procurações apresentadas pelo então subsíndico. Eles conversaram com a Folha sob condição de anonimato.

Os opositores à atual gestão levaram à assembleia um advogado e um escrevente para que pudessem conferir a veracidade das procurações, mas afirmaram que a possibilidade não lhes foi concedida.

Questionado, o advogado do condomínio, Faiçal Assrauy, afirmou que as procurações não puderam ser disponibilizadas no momento por causa do tumulto causado pelos opositores na assembleia, mas que os documentos estão disponíveis para conferência.

Ele também afirmou que as procurações foram validadas pela comissão eleitoral.

Os moradores de oposição, porém, questionam a formação da comissão eleitoral, que seria composta de aliados do subsíndico, e afirmam que não receberam o convite para compor o colegiado.

O advogado do condomínio disse que os três membros são pessoas isentas e respeitadas no condomínio.

Ele também disse que a discussão sobre a comissão e as procurações se tornou secundária porque ninguém além do atual subsíndico montou chapa para a eleição.

Os representantes da oposição disseram que a formação de chapa seria inócua diante da quantidade de procurações anunciadas por Manuel Neto.

Eles afirmaram que agora vão à Justiça para questionar a convocação da assembleia e a impossibilidade da conferência das procurações.

Com cerca de mil moradores e 1.068 apartamentos -parte deles está desocupada-, o edifício foi encomendado no início da década de 1950 pelo então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, a Niemeyer. As obras só ficaram prontas na década de 1970.

As 13 plantas são distribuídas em dois blocos, um de 23 andares e outro de 36. O JK foi tombado como patrimônio cultural pela prefeitura da capital mineira em 2022.