SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Unicamp abriu nesta quarta-feira (1º) as inscrições para a modalidade Enem-Unicamp 2026, processo seletivo que utiliza exclusivamente as notas do exame nacional. Neste ano, pela primeira vez, haverá reserva de vagas para pessoas trans, travestis e não binárias.

O cadastro deve ser feito até 20 de outubro no site da Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp). A taxa de inscrição custa R$ 45 e pode ser paga até o dia 21. Estudantes que já obtiveram isenção no vestibular tradicional também ficam livres da cobrança nesta seleção.

Ao todo, são oferecidas 425 vagas. O candidato pode indicar até duas opções de curso, sempre com base na nota obtida no Enem 2025. Parte das vagas é destinada a cotas étnico-raciais, para pessoas com deficiência e, agora, também para pessoas trans.

Não podem participar candidatos que tenham cursado parte do ensino médio em escola privada, ainda que como bolsistas, exceto aqueles que optarem pelas cotas para PCDs ou pessoas trans. Também estão impedidos de concorrer quem já concluiu graduação ou pós-graduação em instituições públicas.

Os cursos com maior número de vagas na seleção pelo Enem são o curso 51, que reúne formações das áreas de física e matemática (21 vagas, integral), além de administração (18, noturno), engenharia mecânica (16, integral) e engenharia de computação (13, integral). Também há oportunidades em carreiras historicamente muito concorridas, como medicina (11, integral) e ciência da computação (9, noturno).

A nota final do candidato varia conforme o curso escolhido, já que cada área atribui pesos diferentes às provas do Enem. Nos cursos de exatas, por exemplo, matemática e ciências da natureza podem ter maior peso no cálculo; em humanidades, são priorizadas linguagens e ciências humanas; já em carreiras como medicina, as notas de ciências da natureza e redação têm maior influência. Além disso, algumas graduações estabelecem notas mínimas em determinadas provas, e quem não atinge os critérios é automaticamente eliminado do processo.

Além de escolher até duas opções de curso, o candidato pode se inscrever em diferentes formas de ingresso da universidade, como o vestibular tradicional, o Vestibular Indígena, a seleção por olimpíadas científicas e o Provão Paulista. Caso seja aprovado em mais de um processo para o mesmo curso, a matrícula será vinculada ao vestibular, que tem prioridade.

No caso da nova reserva, será necessário preencher autodeclaração e enviar um relato de vida, detalhando o processo de afirmação de gênero. A análise será feita por comissão da Comvest com participação de ao menos uma pessoa trans, travesti ou não binária.

No caso das pessoas com deficiência, a inscrição também exige o preenchimento de autodeclaração e o envio de documentação que comprove a condição, como laudos médicos ou relatórios. O material é analisado por uma comissão da Comvest, responsável por validar o acesso às vagas reservadas.

As chamadas para matrícula online começam em 23 de janeiro de 2026. A lista completa de cursos, regras de inscrição e manuais de orientação estão disponíveis no site da Comvest.

As cotas para pessoas trans foram aprovadas pelo Conselho Universitário da Unicamp em abril deste ano. A decisão enfrentou protestos de grupos contrários à medida, mas recebeu apoio no colegiado. A universidade afirmou na ocasião que a reserva não retira vagas da ampla concorrência, e que parte delas será criada de forma adicional.