SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O manejo sustentável do açaí por indígenas de Oiapoque, no Amapá, venceu o Prêmio Equator 2025, do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), sendo o único projeto brasileiro selecionado nesta edição.
O projeto intitulado “Natureza para a Ação Climática”, da Associação Uasei, foi escolhida entre mais de 700 indicações de 103 países. O mérito, segundo a PNUD, é por seu modelo de bioeconomia inovador, que une sustentabilidade, autonomia econômica e preservação cultural.
Ao todo, sete iniciativas foram selecionadas. Cada uma receberá US$ 10 mil (cerca de R$ 53 mil) e a oportunidade de participar de uma série de eventos da ONU e da COP30, que será realizada em Belém, em novembro.
Criada em 2022, a Uasei é formada por quatro povos indígenas de Oiapoque: palikur, galibi-marworno, karipuna e galibi-kalina. O grupo conta com uma governança democrática e a participação ativa das 67 aldeias associadas.
A associação também se destaca por ter estabelecido a primeira agroindústria em terras indígenas do Amapá. O empreendimento processa o açaí, produzindo polpa e pó liofilizado. Essa verticalização do negócio permite que a Uasei conquiste um maior valor de mercado para o produto.
Além do manejo de açaí, o grupo atua com o Empório Uasei, uma loja que promove artesanato feito com matérias-primas da natureza e os produtos de açaí, valorizando a cultura indígena e impulsionando o turismo na região de fronteira com a Guiana Francesa.
Tairene Karipuna, gerente da associação e do empório, destaca que os indígenas receberam o anúncio do prêmio com muita alegria e esperança de melhorias para todos. Ela espera, com os investimentos, aperfeiçoar técnicas e crescer mais o negócio coletivo.
“A Uasei foi criada durante uma reunião entre lideranças, homens e mulheres, no centro de formação dentro do meu território, na aldeia do Manga. Nós buscamos um meio de fortalecer a cultura e gerar empregos para as comunidades indígenas”, destacou.
O Prêmio Equator dá visibilidade a projetos no cenário internacional e busca valorizar o papel de comunidades locais e povos indígenas na busca por soluções sustentáveis e no combate às mudanças climáticas, contribuindo para o alcance dos ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).
O reconhecimento reforça a posição do Brasil como líder na premiação, com 24 iniciativas premiadas ao longo de 23 anos de realização do concurso do Pnud.
“Eu queria falar sobre a importância de ver a forma que hoje nós cuidamos da natureza. Ela nos traz tudo de melhor, além do respirar natural, temos os frutos, as sementes para os artesanatos. A nossa bioeconomia é o que temos de diferencial na Uasei”, frisou Kaipuna.