SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A flotilha humanitária com ajuda para Gaza passou pela costa do Egito e está a menos de 150 milhas náuticas (equivalente a 275 quilômetros) da costa do enclave após um mês de viagem.
Grupo disse que navios militares israelenses realizaram “manobras de intimidação” contra eles. Segundo o brasileiro Thiago Ávila, a conexão da área foi parcialmente cortada, o que interrompeu algumas transmissões ao vivo e também impactou a navegação. O UOL, porém, não conseguiu checar de maneira independente essas informações.
A noite foi de voos de drones e aproximação de barcos que não eram parte da flotilha e teriam cortado a comunicação. “Esse foi um dos maiores atos de assédio que vivemos até agora”, afirmou Metehan Sari, ativista turco que está na mesma embarcação que Thiago Ávila. A flotilha afirmou ter sido atacada com drones em duas ocasiões anteriores, durante a escala na Tunísia, no dia 9 de setembro.
Ao menos dois barcos da flotilha foram cercados, segundo os representantes: o barco Alma, onde está Ávila, e o Sirius, que tem cinco brasileiros dentro. “Um barco de patrulha militar também se aproximou com uma enorme luz apontada para nós”, comentou a deputada francesa Marie Mesmeur.
Anistia internacional pede proteção à flotilha, afirmando que grupo entra em “área de alto risco”. Em publicação nas redes sociais, a Anistia disse que “os estados têm responsabilidade de garantir a passagem segura das embarcações”.
Outras flotilhas de ajuda humanitária que tentaram ajudar Gaza durante a guerra foram paradas na mesma região onde barcos estão neste momento. Em outras ocasiões, seus ocupantes foram detidos pelo Exército de Israel e levados para o país de Netanyahu, sendo deportados em seguida.
FLOTILHA SAIU DE BARCELONA EM SETEMBRO
A Flotilha Global Sumud (palavra que significa “resiliência” em árabe) saiu de Barcelona no começo de setembro. Ela conta com 40 barcos com centenas de militantes pró-palestinos procedentes de mais de 40 países. Depois de partir da Espanha, a flotilha parou por 10 dias na Tunísia antes de retomar a viagem em 15 de setembro.
Há 15 brasileiros nas embarcações que rumaram a Gaza, incluindo o ativista Thiago Ávila, que foi preso em outra flotilha. Também estão rumo a Gaza: Lucas Gusmão, Mohamed El Kadri e João Aguiar, ativistas de grupos pró-palestina; Mariana Conti e Gabrielel Tolotti, vereadora e presidenta estadual do PSOL; Luizianne Lins, deputada do PT; Ariadne Telles, Bruno Gilga e Magno Carvalho Costa, militantes; Mansur Peixoto, pesquisador; Carina Faggiani e Nicolas Calabrese, professores e Lisiane Proença, agitadora cultural, e o jornalista Hassan Massoud.
A ativista sueca Greta Thunberg, a eurodeputada franco-palestina Rima Hassan e a ex-prefeita de Barcelona Ada Colau também fazem parte da missão. Greta também já esteve em uma flotilha anterior, que foi parada pelas forças israelenses antes de chegar ao enclave.
Intuito da viagem, segundo os ativistas, é “romper o bloqueio a Gaza” e fornecer “ajuda humanitária a uma população sitiada, que enfrenta fome e genocídio”. Mais de 400 pessoas morreram de fome em Gaza desde o início da guerra, a maioria delas neste ano, após dois meses de impedimento total da entrada de ajuda humanitária na região.