Da Redação

O governo federal ligou o sinal de alerta após uma onda de intoxicações por bebidas adulteradas em São Paulo. Segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, há fortes indícios de que a distribuição desses produtos vá além das fronteiras do estado. Diante do cenário, a Polícia Federal instaurou um inquérito para rastrear a origem e o alcance da contaminação.

Desde janeiro, São Paulo registrou 17 casos suspeitos de envenenamento por metanol — 10 deles apenas em setembro. Cinco pessoas já morreram. O número, considerado fora do padrão pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, aponta para uma contaminação recente e em larga escala.

A investigação mira bares e restaurantes, uma mudança significativa em relação a episódios anteriores, geralmente restritos a grupos em situação de vulnerabilidade. Agora, as ocorrências envolvem consumidores de diferentes perfis e várias bebidas populares, como gin, uísque e vodca.

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, não descarta ligação com o crime organizado. Em agosto, a corporação já havia atuado na Operação Carbono Oculto, que desmantelou parte de um esquema do PCC envolvendo combustíveis adulterados com metanol. A hipótese é de que a mesma rede de distribuição tenha migrado para o mercado de bebidas.

Enquanto isso, órgãos de fiscalização correm contra o tempo. A Senacon enviou alertas a estabelecimentos e Procons de todo o país, detalhando sinais de adulteração que devem ser observados pelos consumidores. O Ministério da Saúde também deve publicar orientações às redes hospitalares, reforçando protocolos de identificação de casos suspeitos.

Até o momento, os registros de intoxicação se concentram em cinco municípios paulistas — incluindo a capital, Limeira, São Bernardo do Campo e Itapecerica da Serra. A morte mais recente, de um homem de 54 anos da Mooca, só foi relacionada ao surto dias após sua internação.

As autoridades tratam a crise como prioridade e não descartam que a contaminação já tenha alcançado outros estados. Para Lewandowski, o cenário exige vigilância nacional: “Estamos diante de um risco grave de saúde pública que pode se espalhar rapidamente, e a PF tem a competência necessária para investigar em todo o território brasileiro”.