SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sábado, 21h. Os bares da Barra Funda estão abarrotados de gente. Os clientes se aglomeram dentro e fora, ocupando a calçada, as ciclofaixas de sentido único e até as mais largas, de mão dupla, disputando espaço na rua com os carros.

Os estabelecimentos não conseguem dar vazão ao fluxo de fregueses, o que se nota pela presença ostensiva de vendedores ambulantes de bebida e comida. Em setembro, o bairro foi eleito o terceiro mais cool do mundo pela revista britânica Time Out, atrás apenas de Jimbocho (Tóquio) e Borgerhout (Antuérpia).

“A Barra Funda tem um público descontraído, divertido e plural. Acho que isso acabou casando muito com a proposta do bar, mesmo de forma não intencional”, diz David Barreiro, sócio do Raio que o Parta, inaugurado em maio.

De 2022 para cá, entre bares, restaurantes e cafés, pelo menos 25 lugares novos surgiram na Barra Funda.

A maior concentração está na rua Sousa Lima. “Quando abrimos o Trago em 2020, só havia dois bares na Sousa Lima, e agora tem 12. Para mim, quanto mais bar abrir, melhor. As pessoas viram andarilhas, começam em um bar e vão passando por todos”, conta Fabio Mec, que também é dono do Es.trago e do Água & Biscoito, todos na Barra Funda.

Gabriel Szklo, bartender e proprietário do Pininha Drinques, irmão mais novo do Pina Drinques, também comemora o movimento, mas reconhece o impacto dos estabelecimentos na gentrificação do bairro. “Também temos participação nisso. Estou sempre refletindo sobre o nosso papel e tentando de alguma maneira minimizar, porque acho que não tem como fugir disso.”

Conheça, a seguir, alguns dos lugares que abriram nos últimos anos na Barra Funda.

Água & Biscoito

Inaugurado em março, o bar mais recente dos donos do Trago e do Es.trago tem como protagonistas os vinhos orgânicos, naturais e biodinâmicos. O mais vendido é o laranja Criolla Argentina Moscatel (R$ 160 a garrafa). Para comer, uma boa pedida é o atum curado com açaí (R$ 68), com raspas de castanha-de -caju, ponzu (molho cítrico com shoyu), gema curada e cebolinha. O biscoito e tomaca (R$ 38) leva biscoito de polvilho, tomate ralado, tomatinhos confitados, sorvete de tomate e hortelã. DJs se apresentam na casa de sexta a domingo.

R. Dr. Sérgio Meira, 120. @aguaebiscoito

Antro Bar

O ambiente roqueiro do bar especializado em pizza e chope é decorado com artefatos de bandas como Black Flag e The Clash. Todas as pizzas são individuais e custam R$ 40. Além dos sabores clássicos (muçarela, marguerita, calabresa), há outros mais atrevidos, como pernil com cebola roxa e shimeji com Catupiry. O chope IPA de 500 ml sai por R$ 20; o pilsner, na mesma quantidade, R$ 18.

R. Tagipuru, 114. @antrobarsp

Bandeira Bandeira

Voltado ao público LBT (lésbicas, bissexuais e transexuais), o bar promove karaokê às sextas-feiras. Nas quartas, costuma haver sessões de “speed dating” (dinâmica para promover encontros), que exigem inscrição antecipada. Os drinques têm nomes divertidos, como sapatroa (uísque, xarope de alecrim e limão; R$ 30), greloni (Campari, vermute e tônica; R$ 30) e xequeer (rum, chá mate e limão; R$ 26). Para comer, sapastéis (R$ 43), porção mista de pastéis de carne e queijo.

R. Sousa Lima, 81. @bandeirabandeirabar

Baiuca Bar

O bar na esquina da Lopes Chaves com a Brigadeiro Galvão recebe discotecagens, rodas de samba e outras apresentações musicais. Às quintas-feiras costuma haver festa latina com cumbia ao vivo, arepas e drinques típicos. Para petiscar, a casa indica a porção de carne louca (R$ 30), a de moela (R$ 22) e o mix da estufa fria (R$ 35), com batata em conserva, ovo de codorna, azeitonas e queijos. Aos sábados faz sucesso a feijoada (R$ 40), e a cada domingo há um prato de almoço diferente, como arroz de costela, galinhada e baião de dois, na faixa dos R$ 40.

R. Lopes Chaves, 339. @baiucabarrafunda

Bar Cambará

O boteco ocupa um imóvel antigo com piso de caquinhos, herdado da gráfica que operava no local. Da cozinha comandada por Giulia Simokomaki saem petiscos como o bolim da terra (R$ 12), recheado com carne-seca na manteiga de garrafa, o jiló em conserva com queijo meia cura (R$ 20) e o bolovo (R$ 19), servido às quintas-feiras. Para beber, a garapinga (R$ 31) leva cachaça de jambu, caldo de cana, limão e gengibre.

R. Camaragibe, 131. @bar.cambara

Beleléu

Aposta na trindade comida de boteco, cerveja gelada e roda de samba. Entre os drinques autorais o destaque é o golinho do céu (R$ 38), com cachaça de jambu ou uísque, xarope e espuma de maracujá, gengibre, melaço e coco ralado. Uma boa opção para petiscar é o bolinho de carne com bacon à milanesa, queijo e couve crocante (R$ 19). Quem estiver a fim de uma refeição mais substanciosa pode ir de galeto (inteiro: R$ 79; meio: R$ 45), servido em três opções: com arroz de brócolis ou biro-biro, com linguine e batatas ou desconstruído.

R. Barra Funda, 528. @beleleu___

Boteco de Manu

Passar na frente do Boteco de Manu entre quarta e domingo é quase certeza de ver as mesas na calçada cheias. A dona da casa, Manuelle Ferraz, chef do restaurante A Baianeira, elege seu top 3 do menu de comidas: a carne de sol com mandioca (R$ 59), a pamonha com molho de camarão (R$ 29) e a porção de pescoço de peru (R$ 29), servida com pão francês (ou pão de sal, como se diz no cardápio e na Bahia-Minas).

R. Lavradio, 235,. @botecodemanu

Brotero 39

Com estrutura metálica, painéis de vidro, telhas translúcidas e três quintais ao ar livre, a arquitetura do bar e ateliê chama a atenção. No cardápio, destacam-se a carne de sol com mandioca (R$ 57) e o nhoque ao molho bechamel (R$ 52). Apesar do nome, os pastéis de vento levam recheio: pernil (R$ 47), ragu de costelinha (R$ 48) e palmito (R$ 49). O vasto menu de bebidas inclui coquetéis clássicos e autorais, vinhos, caipirinhas, cachaças, uísques, cervejas e chope.

R. Conselheiro Brotero, 39, WhatsApp (11) 97229-5699. @brotero39

Caracol

O bar conta com uma vasta programação de DJs de quarta a domingo. Com “notas de Coca-Cola”, o vai que cola (R$ 42) é um dos destaques da carta de drinques elaborada pelo bartender Gunter Sarfert: leva cachaça, xerez fino, cordial de limão-taiti, xarope de mel, Amaro Cola e solução salina. Recheado com ovo de gema mole, o bolovo de alheira (R$ 39) é uma das boas pedidas para matar a fome, assim como o atum do Bruno (R$ 73), servido em cubos com óleo apimentado, gergelim, maionese e tapioca crocante.

R. Boracéa, 160. @caracolbar

Casa Tão Longe, Tão Perto

Com luz baixa, tem vocação para receber dates. A missão da casa é promover pequenos produtores brasileiros de vinho, servindo tintos, brancos, laranjas e rosés em torneiras. Cada taça custa de R$ 20 a R$ 25. Há promoção às quartas: um rótulo por R$ 15 a taça. Para beliscar, vá de tábua três queijos (R$ 96), acompanhada por pães de fermentação natural, azeite e flor de sal. Aos sábados, o espaço recebe DJs e vira baladinha.

R. Dr. Sérgio Meira, 7, WhatsApp (11) 97195-2772, @casatltpbarrafunda

Chévere

O carro-chefe do bar latino-americano são as salteñas e as empanadas (R$ 16 a unidade), em 16 sabores, incluindo carne, cogumelos, caponata, jaca e marguerita. Também saem bastante os sanduíches, como o de chola (pernil marinado, picles de cebola roxa, pimenta e hortelã no pão crocante; R$ 30) e o choripan (linguiça e chimichurri na baguete com parmesão; R$ 32). Vale ainda provar as arepas (de R$ 35 a R$ 37), os tacos (de R$ 17 a R$ 23), os tequeños (R$ 37) e os patacones (R$ 35). Para beber, o drinque autoral che che (R$ 35) leva cachaça de coco, pisco, maracujá e xarope de açúcar.

R. Sousa Lima, 321. @cheverecozinhaebar

Dramas Bar

Define-se como “bar de protagonismo lésbico que acolhe todas as siglas”. O drinque mais pedido é o que leva gim, hibisco, limão e maracujá (R$ 35). Similar, o amor de sapatão (R$ 35) troca o gim pela cachaça e omite o maracujá. Para comer, há porções como a lasca de ex (R$ 38), de filé de frango crocante, e a trisal (R$ 35), de batata frita com cheddar e bacon. A programação inclui karaokê, bingo, roda de samba e apresentação de DJs.

R. Barra Funda, 394. @dramasbar

Es.trago

A porção mais pedida é a de pork fries (R$ 46): batata frita com pulled pork (carne de porco desfiada), sour cream (creme azedo) e cebolinha. Também faz sucesso a barriga de porco (R$ 34), servida com geleia de abacaxi e pimenta. Entre as opções para beber estão o caju amigo (R$ 36) e a batida de garrafinha (R$ 22) de coco, paçoca e maracujá. Aos sábados, há samba com feijoada.

R. Sousa Lima, [email protected]_bar

Laska

As entradas para compartilhar se destacam no cardápio do Laska, inspirado no universo cigano. Entre elas o destaque é a injera etíope (R$ 78 para quatro pessoas; R$ 42 para duas), com pão de farinha de teff (grão etíope), folhas crocantes de arroz, homus de abóbora, coalhada seca, picles de manga, salada de beterraba e guisado de carne ao molho berbere (mistura de especiarias). Empanados com gergelim branco, os bolinhos de arroz cremosos com zátar (R$41) são servidos com molho de iogurte grego, coalhada e hortelã. Na carta de bebidas, o drinque a cigana (R$ 35) combina bourbon, vermute, licor de rosas, tintura de rosa vermelha, canela e perfume de maçã.

R. Sergio Meira, [email protected]

Luiiza Bar

As paredes são decoradas com itens sui generis, como rótulos de cajuína, uma foto de Maradona e um disco de Guilherme Arantes. O drinque autoral Erundina (R$ 35) leva cachaça de cambuci, sour mix (mistura azeda feita com frutas cítricas) e coentro. Para comer, há lanche de peixes (R$ 38), um filé de tilápia empanado em farinha panko com molho tártaro servido em pão tipo bisnaga, e a porção a pele quiabito (R$ 25), referência ao filme de 2011 de Pedro Almodóvar, com quatro pastéis de quiabo puxado no azeite de dendê e na cachaça.

R. Brg. Galvão, 32. @luiizabar

Miau.Bar

A programação inclui karaokê às quintas e discotecagem de sexta a domingo, com hits dos anos 1980 a 2000, rock e brasilidades. O carro-chefe do cardápio de comidas é o FFK (frango frito koreano): iscas de filé de coxa e sobrecoxa com molho picante (R$ 52). Feito com kimchi fermentado na casa, o bolinho de arroz frito sai por R$ 17,50. O drinque Miau (R$ 32) combina espumante, cranberry e espuma de lichia, enquanto o hadouken (R$ 32,50) leva bourbon, gengibre, maracujá, limão e Angostura.

R. Mário de Andrade, [email protected]

Obi

Com agenda eclética, recebeu nos últimos meses DJs, apresentações de samba, festa julina e roda de conversa entre mulheres sáficas. Na hora do almoço, serve pê-efes a partir de R$ 29, como estrogonofe de frango, feijoada e arroz de legumes. Para petiscar, espetinho de cafta com queijo (R$ 15). O copo da batida de coco sai por R$ 16.

R. Lopes Chaves, [email protected]

Ocupa Cozinha e Bar

O grande charme da casa é o quintalzão, que recebeu em setembro a primeira edição da feira Ocupa, com artes visuais, cerâmicas, roupas de brechó e DJ. Da cozinha, saem pratos como o arroz de costela bovina (R$ 52), com aïoli, picles da casa e gema curada ralada, e o peixe com pirão (R$ 50): tilápia assada na folha de couve, pirão de leite com tucupi, farofa e vinagrete. Há opções veganas, como a parmegiana de berinjela (R$ 48), defumada e empanada, ao molho sugo com amendoim.

R. Brg. Galvão, 102.@ocupacozinha

Pininha Drinques

Os carros-chefe do irmão mais novo do Pina Drinques são as 13 variações de Bloody Mary, como o Bloody Joseph (R$ 48), com uísque, suco de tomate, coentro, pimenta jalapenho, molho inglês, orégano, alho, limão-taiti, sal e glutamato monossódico. Por R$ 45, a Julia’s margarita leva tequila, salmoura de azeitona, pimenta jalapenho, limão-taiti e agave. Para comer, vá de sanduíche de língua (R$ 44), com pastrami de língua bovina, maionese de tucupi e pimenta.

R. Brg. Galvão, 549. @pininha.drinques

Pizzeria Fagnolo’s

No fervo, serve pizzas individuais de inspiração napolitana. A mais pedida é a diavola (R$ 54), com molho de tomate italiano, muçarela, salame italiano levemente apimentado, parmesão e geleia de pimenta. A prosciutto di Parma (R$ 63) é uma pizza bianca (sem molho de tomate), com base de bechamel, muçarela, rúcula baby, presunto cru, redução de aceto balsâmico e parmesão. A 4 formaggi (R$ 54), também bianca, leva bechamel, muçarela, queijo taleggio, gorgonzola, parmesão e melaço de cana.

R. Sousa Lima, 93.@pizzeriafagnolo

Raio Que O Parta

Inaugurado em maio, o bar de inspiração paraense divide espaço com uma floricultura. Entre os drinques mais populares estão o cocais (vodca, cupuaçu, bacuri, ácido cítrico e limão; R$ 45) e o bombeirinho (cachaça branca, xarope de frutas vermelhas e limão; R$ 22). O destaque do cardápio de comidas é o tempurá de peixe frito (R$ 70), feito com o peixe da semana, como prejereba e garoupa.

R. Margarida, 30. @raioqueoparta.bar

Ronin

Tocada pelos chefs Pedro Nóbrega e Vitor Ribas, apresenta-se como uma “cafeteria de cozinheiros”. A bebida montblanc (R$ 22), à base de cold brew (café infusionado a frio), leva xarope de açúcar mascavo, creme de leite, laranja Bahia e noz-moscada. Servido com caramelo de alho feito na casa, o queijo-quente (R$ 28) é preparado no pão brioche, com requeijão do norte, muçarela e cebolinha. Para adoçar, oreo (R$ 22): biscoito de cacau recheado com ganache de chocolate branco, cumaru e creme de caramelo salgado.

R. Dr. Albuquerque Lins, 253. @ronincafesp

Suei

Inaugurado em março, o bar é das mesmas sócias do Bandeira Bandeira, Ana Laura Miotto e Claudia Nakamoto. O coquetel autoral vai, mas volta (R$ 39), criado por Teyte, o chefe de bar da casa, leva uísque, xarope de laranja e gengibre, limão siciliano, xarope de mel e aquafaba (água de grão-de-bico). No menu de comidas, o kimcheese (R$ 24) é um tostex com mix de queijos, kimchi, maionese japonesa caseira e cebolinha. Também por R$ 24, o oniguiri pode ser de atum com shissô ou de umeboshi com furikake (condimento seco de origem japonesa).

R. Sousa Lima, 328. @suei.sp

Sururu

Eleito o melhor boteco da cidade pelo júri do especial O Melhor de São Paulo 2025, o irmão mais novo do Moela aposta nos frutos do mar. Sua versão de moules-frites (R$ 42) leva sururu, mandioca e mexilhões. Mescla de mar e montanha, o pastel de polvo (R$ 14) também leva ragu de linguiça no recheio. O arroz com tinta de lula sai por R$ 67. Na estufa fria há opções como rolinho de berinjela, sardinha em conserva e maionese com camarão.

R. Barra Funda, 197. @obarsururu

Trilha Fermentaria

A fermentação é a estrela dos comes e bebes da casa, escolhida pelo júri do especial O Melhor de São Paulo 2025 como o melhor bar de cervejas da cidade. O bolinho de cupim defumado (R$ 29, duas unidades), com caramelo de Sriracha (molho de pimenta), vai bem com o chope Caranguejada (R$ 32), uma sour gose com caju e coentro. Com massa de malte de cerveja, molho de tomate, muçarela e mostarda fermentada, a pizza de pastrami (R$ 50, individual) harmoniza com o chope Grão Dallima (R$ 29), uma juicy IPA com café.

R. Cônego Vicente Miguel Marino, 390.@trilhafermentaria