SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) reciclou objetivos não cumpridos nas áreas de educação e mobilidade de 2021 a 2024 na cidade de São Paulo, e ampliou a previsão de investimentos em segurança no Programa de Metas que irá nortear a administração municipal até 2028.
A versão final do documento com 132 metas foi entregue pelo prefeito aos vereadores em reunião nesta terça-feira (30), após rodadas de audiências públicas iniciadas em abril, quando a primeira versão foi apresentada.
No ciclo anterior, compartilhado entre a gestão atual e a de Bruno Covas (PSDB), morto em 2021, foram concluídas 75% das 86 metas apresentadas. Algumas, porém, não foram atingidas e voltaram a aparecer no novo plano.
Além da ampliação dos objetivos da administração municipal, o atual Programa de Metas terá orçamento maior comparado ao anterior. Há previsão de R$ 57 bilhões ante R$ 50,2 bilhões, em valores corrigidos pela inflação, previstos em 2021 -alta de 14%. “Seis metas foram incluídas depois das audiências públicas, após a participação da sociedade”, disse o prefeito, após entregar o programa.
No encontro com vereadores, Nunes também entregou o Plano Plurianual (PPA 2026-2029) e o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA), com um orçamento total para 2026 de R$ 135,4 bilhões.
Na educação, a gestão reeditou a meta não cumprida no ciclo anterior de alfabetizar as crianças na rede pública municipal até o final do 2º ano do ensino fundamental (7 a 8 anos). Na atual versão, o objetivo é atingir 70% de alfabetização na mesma fase escolar.
As notas em dois índices de desenvolvimento educacional também foram reeditadas após ficarem abaixo da meta de 2021 a 2024. Até 2028, os alunos do ensino fundamental devem atingir nota 6 nos anos iniciais e 5 nos anos finais no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), do Ministério da Educação (MEC). Em 2023, a cidade obteve nota 4,8.
No plano anterior, a rede municipal adotava como parâmetro o Idep (Índice de Desenvolvimento da Educação Paulistana). A meta de alcançar 5,2 nesse outro índice, no entanto, não foi cumprida e, no novo plano, o critério foi alterado e agora utilizará o índice federal.
Sobre a nota do Ideb, a prefeitura informou que passou a considerar o indicador federal como critério para avaliação, e não é possível comparar os dois índices.
Na mobilidade, reaparecem metas não cumpridas em relação à entrega de corredores de ônibus, como o BRT (Ônibus de Trânsito Rápido, da sigla em inglês) da avenida Aricanduva, na zona leste. Com 85% atingido até 2024, a meta voltou a ser prometida com operação prevista até 2028.
No mesmo período, a gestão também pretende entregar o primeiro trecho do BRT Radial Leste e iniciar as obras de prolongamento.
A entrega de quatro terminais de ônibus, que devia ter sido concluída até 2024, foi retomada com previsão de instalação de novas estruturas para os passageiros do transporte municipal em Itaquera e Itaim Paulista, na zona leste, e Perus, na zona norte.
Ainda no quesito mobilidade, a entrega de 300 quilômetros de ciclovia ficou abaixo do esperado, e 111 km foram finalizados. Até 2028, a gestão Nunes reduziu a meta em relação a 2024, e pretende instalar 233 km além de fazer a manutenção dos 150 km existentes.
Em março, a ampliação da malha cicloviária foi paralisada após recomendação do TCM (Tribunal de Contas do Município), que alegou uma série de irregularidades no edital, que foi revogado.
Na área de segurança, a situação é inversa. Além de terem sido entregues na totalidade no Programa de Metas anterior, foram ampliadas para o próximo ciclo. Há previsão de contratação de 2.000 guardas-civis, o mesmo número realizado até 2024, quando a meta era empregar mil novos agentes.
A meta de integrar 20 mil câmeras de vigilância ao Smart Sampa foi superada e, para 2028, o objetivo é dobrar a quantidade de equipamentos e chegar a 40 mil câmeras.
Desde o início do segundo mandato, Nunes tem dado prioridade ao tema, com anúncios e investimentos, e a estratégia passou a ser vista por aliados e opositores como investimento para 2026, para uma eventual candidatura ao Governo de São Paulo.
Outra prioridade da gestão, a instalação de faixa azul para segurança de motociclistas no trânsito em avenidas movimentadas deve dobrar até 2028, segundo o Programa de Metas. Entre 2021 e 2024, foram entregues 212,2 km de faixas, acima dos 200 km previstos. Em dez anos, motociclistas foram de 32% para 47% das mortes no trânsito na capital paulista.