SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O bar Ministrão, localizado na alameda Lorena, nos Jardins, área nobre de São Paulo, foi fechado nesta terça-feira (30) em uma operação conjunta da Polícia Civil com a Vigilância Sanitária municipal e estadual devido a indícios de venda de bebida alcoólica contaminada com metanol. Ao menos outros três bares —localizados na Mooca (zona leste), na Vila Mariana (zona sul) e em São Bernardo do Campo (Grande SP)— foram interditados nesta terça.

O estabelecimento nos Jardins já havia sido alvo, na segunda-feira (29), de operação que resultou na apreensão de cerca de 100 garrafas de destilados.

Questionado por jornalistas no local, o advogado dos proprietários do bar afirmou apenas que o estabelecimento estava sendo fechado “por causa de apenas uma pessoa”, sem dar detalhes.

Altamente tóxico para o corpo humano, o metanol atinge principalmente o fígado, mas pode também provocar lesões no nervo ótico e causar cegueira. Foi o que aconteceu com a designer de interiores Rhadarani Domingos.

Em entrevista exibida no último domingo (28) pelo Fantástico, da TV Globo, ela contou ter perdido a visão após consumir três caipirinhas de vodca no Ministrão, no último dia 19. “Causou um estrago muito grande. Não estou enxergando nada”, disse.

De acordo com as autoridades, os bares que foram alvo da operação ficarão fechados por precaução até a conclusão da análise das amostras apreendidas, uma vez que não conseguiram comprovar a procedência das bebidas. A perícia será feita no IC (Instituto de Criminalística) da Polícia Técnico-Científica.

“Seguindo o princípio da precaução em saúde pública, diante dos riscos e dos casos que continuam ocorrendo e sendo notificados constantemente, não apenas aqui, mas também em outros locais fiscalizados, foram realizadas ações administrativas de interdição”, afirmou Manoel Lara, diretor do CVS (Centro de Vigilância Sanitária) do estado de São Paulo.

Moradores da região disseram que um parklet —tipo de extensão da calçada— foi instalado em frente ao bar há duas semanas. Segundo eles, o local sempre foi muito movimentado.

O maestro João Carlos Martins, que mora próximo ao bar, passou pelo local na tarde desta terça e lamentou a interdição. “Para o consumidor é uma notícia triste. Você passa a pensar duas vezes [antes de consumir bebidas]. Eu gosto de notícias alegres, não de notícias infelizes”, disse.

O Governo de São Paulo anunciou nesta terça que o estado já registra cinco mortes por intoxicação com metanol.

De acordo com o secretário da Saúde, Eleuses Paiva, há no total 22 casos envolvendo intoxicação por metanol —7 confirmados e 15 em investigação. Desses, cinco pessoas morreram, sendo que até o momento em apenas um desses casos há confirmação de que a morte se deu após a ingestão de bebida adulterada.

Operações de fiscalização também ocorreram em distribuidoras de bebidas na zona sul da capital. Questionado sobre eventual suspensão das vendas nesses estabelecimentos, o diretor da Vigilância Sanitária estadual disse não há subsídios para tal medida. “Uma proibição, neste momento, não se justificaria”, afirmou Lara.

Também participaram da operação a Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde), do município de São Paulo, e o Procon-SP.

CLUBES SUSPENDEM VENDA DE DESTILADOS

Clubes esportivos da cidade de São Paulo suspenderam nesta terça (30) a venda de bebidas alcoólicas destiladas como medida de precaução após os casos de intoxicação por metanol. O objetivo, dizem, é zelar pela saúde e segurança de sócios e visitantes. O Sindi Clubes (Sindicato dos Clubes do Estado de São Paulo) emitiu um comunicado para que as associações tomassem essa decisão.

A venda de destilados foi suspensa temporariamente em clubes como o Esporte Clube Pinheiros (zona oeste); o Esporte Clube Sírio, no Planalto Paulista (zona sul); o Clube Hebraica SP, localizado no Jardim Europa (zona oeste); Club Athletico Paulistano, no Jardim América (zona oeste); e a Sociedade Harmonia de Tênis, também no Jardim América.